'Só queria ter uma vida normal', diz jovem brasileira que vive em Gaza

Uma jovem brasileira que vive em Gaza está tentando fugir da região em meio à guerra entre Israel e o Hamas. Há uma semana, Shahed al-Banna, de 18 anos, começou a tão sonhada faculdade de letras. Agora, o câmpus onde estudava se encontra destruído por causa dos bombardeios.

Eu só queria estudar, viver uma vida normal, sem guerra", disse ela, que, embora tenha nascido em Gaza, viveu durante seis anos em São Paulo, terra de sua mãe.

A jovem contou, em entrevista à Folha de S. Paulo, que voltou ao Brasil apenas no ano passado, a fim de se despedir de mãe, que sofreu de um câncer. Agora sob os cuidados da avó, Banna se abriga na casa de uma tia, onde 20 pessoas dividem um único quarto.

"A situação está muito perigosa", relata a jovem, que destaca que nem sempre sua família consegue se informar antecipadamente sobre os bombardeios. "Não é nossa culpa isso que está acontecendo", afirma Banna referindo-se aos ataques do Hamas. "A gente não fez nada para merecer isso."

Operação de resgate

As autoridades brasileiras estão em processo de evacuação de aproximadamente 30 cidadãos brasileiros que se encontram em uma área sob ataques israelenses desde o último final de semana. A operação, no entanto, apresenta desafios significativos.

O governo brasileiro está planejando retirar os cidadãos por meio da passagem de Rafah, localizada no sul e sob controle egípcio. O Ministério das Relações Exteriores confirmou nesta terça-feira, 10, que providenciou a contratação de um ônibus para a evacuação de cerca de 25 brasileiros, embora ainda não haja informações sobre o momento exato em que essa operação ocorrerá.

Até o momento, porém, o Egito não concedeu autorização para a partida do comboio. Todas as outras passagens para Gaza são controladas por Israel e permanecem fechadas para o trânsito dos palestinos.