Segundo análise da Universidade de Yale, sistema já levou milhares de crianças ucranianas para instalações coordenadas pela Rússia
Éric Moreira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 15/02/2023, às 10h34
Uma análise desenvolvida pela Universidade de Yale, dos Estados Unidos, divulgada na última terça-feira, 14, indica que pelo menos 6 mil crianças ucranianas — entre elas, diversos órfãos — foram levadas para campos de 'reeducação' russos.
Segundo Nathaniel Raymond, um dos pesquisadores, "o objetivo principal das instalações que identificamos parece ser a reeducação política."
O relatório, produzido pelo Observatório de Conflitos, um projeto da Universidade de Yale apoiado pelo Departamento de Estado norte-americano, tem como objetivo principal analisar violações de direitos humanos e supostos crimes de guerra que a Rússia pode ter cometido.
Além das crianças, o estudo também sugere que todo o sistema seja coordenado pelo governo russo, em pelo menos 43 instalações no país e na Crimeia.
O relatório conseguiu indicar diversos grupos de crianças de 4 meses a 17 anos mantidas em 'campos de reeducação', diversas delas até mesmo recebendo treinamento militar — geralmente, a partir dos 14 anos. Apesar disso, não existem relatos de que elas tenham sido enviadas para o combate.
Como informado pelo G1, em 78% dessas instalações as crianças e adolescentes foram reeducados de acordo com a visão russa não só sobre a guerra, como também sobre a cultura nacional, a história e a sociedade.
Entre essas crianças, estão tanto russos quanto ucranianos que ficaram órfãos com a guerra, aqueles que já estavam sob cuidado do Estado da Ucrânia no início do conflito e aqueles de custódia incerta.
Ainda, é informado no relatório que, em diversas ocasiões, os responsáveis pelas crianças foram coagidos a autorizar a ida delas aos "acampamentos", além de que alguns deles que negaram a participação foram ignorados. Por fim, algumas foram transferidas pelo sistema e, com isso, enviadas a orfanatos ou adotadas por famílias russas.
Segundo Nathaniel Raymond, "o que está documentado neste relatório é uma clara violação da 4ª Convenção de Genebra", que protege a população civil em tempos de guerra. Ele afirma também que, com o relatório, se tem uma evidência de que a Rússia realmente cometera o crime de genocídio, visto que a transferência de crianças para alteração na identidade nacional é um ato componente dessa violação.
Esta rede se estende de um extremo a outro da Rússia", contou o pesquisador, que ainda acrescentou que o número de instalações onde as crianças ucranianas são mantidas é de pelo menos 43.
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