Rota 66: Caco Barcellos passou por processo terapêutico por conta da obra

Na próxima quinta-feira, 22, estreia no GloboPlay a série ‘Rota 66: A Polícia que Mata’, inspirada na obra homônima do jornalista Caco Barcelos, que comanda o ‘Profissão Repórter’ (TV Globo). 

A trama, protagonizada por Humberto Carrão, mostrará a investigação de uma ação da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), da Polícia Militar de São Paulo, a partir do assassinato de três jovens paulistanos. 

Em entrevista coletiva na tarde de ontem, 19, Barcellos falou das adversidades que teve de superar para escrever seu livro, publicado em 1992. "A maior dificuldade, sem dúvida, foi conviver com as histórias das pessoas que são vítimas dessa violência. No começo, a grande motivação era fazer uma denúncia".

Devido a sua apuração, Caco descobriu que centenas de vítimas inocentes eram mortas pela ROTA. "Embora considere grave matar criminoso, evidentemente é mais grave ainda matar pessoas inocentes que nem sequer tiveram um ato ilícito ou um confronto com a polícia. Isso me assustou muito".

“Eu só não desisti diante daquele susto porque eu sofro com a injustiça que envolve uma pessoa alheia à minha história. Pensei várias vezes em abandonar (a investigação) para sofrer menos, mas imediatamente isso se transformava em combustível para continuar”.

Obra premiada

Por conta de seu trabalho, ‘Rota 66’ acabou vencendo o Prêmio Jabuti em 1993 na categoria Reportagem. Entretanto, para chegar no resultado publicado, Caco Barcellos disse que o processo lhe causou inúmeros pesadelos. 

Eu não saberia contar quantas vezes eu acordei com pesadelos horrorosos, com gritos horrorosos. Evidentemente, fiz um processo terapêutico para entender que eram essas vidas eliminadas que (me) acompanham", completou.