Fósseis de mosquitos machos de 130 milhões de anos, os mais antigos já encontrados, mudaram a forma como pesquisadores olham para os insetos
Fabio Previdelli Publicado em 07/12/2023, às 12h00
No Líbano, perto da cidade de Hammana, pesquisadores encontraram os restos mortais de dois mosquitos machos preservados em âmbar. Os fósseis, considerados os mais antigos já conhecidos, possuem cerca de 130 milhões de anos.
Porém, não é a idade que chama a atenção da descoberta, mas sim um fato surpreendente: os machos apresentavam aparelhos bucais alongados, perfurantes e sugadores de sangue. O achado é "um dos principais na história evolutiva dos mosquitos", disseram os pesquisadores.
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Importante explicar que, com a evolução da espécie, apenas as fêmeas possuem partes bucais capazes de perfurar a pele, portanto, são as únicas que se alimentam de sangue — essencial para a produção de ovos.
"Claramente, eles eram hematófagos", disse o paleontólogo Dany Azar, da Academia Chinesa de Ciências do Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanjing e da Universidade Libanesa.
Além disso, a descoberta, apontam os pesquisadores, pode sugerir uma história de origem improvável para o mosquito sugador de sangue: o inseto pode ter evoluído de um ancestral vegetariano — um sugador de plantas.
Acreditamos que a hematofagia foi uma mudança da sucção de líquidos vegetais para a sucção de sangue", explica Azar.
Principal autor do novo estudo, publicado esta semana na revista Current Biology, Dany Azar aponta que a evolução das plantas pode ter desempenhado um papel na divergência alimentar entre mosquitos machos e fêmeas.
Afinal, quando os dois mosquitos machos ficaram presos na seiva das árvores, que mais tarde acabou se tornando âmbar, as plantas com flores estavam começando a aparecer pela primeira vez ao longo da paisagem do mundo Cretáceo.
O fato de esses primeiros mosquitos conhecidos serem machos sugadores de sangue, acrescentou Azar, "significa que originalmente os primeiros mosquitos eram todos hematófagos — não importando se eram machos ou fêmeas".
"A hematofagia foi posteriormente perdida nos machos", especulou Dany em comunicado à Reuters, "talvez devido ao aparecimento de plantas com flores, que são contemporâneas da formação do âmbar libanês".
Por fim, o pesquisador explicou como os mosquitos atuais se alimentam: "Apenas mosquitos fêmeas fertilizados sugam sangue porque precisam de proteínas para desenvolver seus óvulos", observou. "Machos e fêmeas não fertilizadas comem algum néctar das plantas. E alguns machos não se alimentam de jeito nenhum".
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