Evidências do uso de seda em rituais de sacrifício foram recentemente encontradas no sítio arqueológico de Sanxingdui, na província de Sichuan
Giovanna Gomes Publicado em 03/12/2024, às 13h27
O Museu Nacional da Seda da China, em colaboração com o Instituto de Pesquisa de Relíquias Culturais e Arqueologia de Sichuan, revelou evidências pioneiras sobre o uso da seda em rituais de sacrifício durante a Idade do Bronze na bacia do rio Yangtze. A descoberta, realizada no sítio arqueológico de Sanxingdui, na província de Sichuan, fornece a primeira evidência arqueológica direta do valor cultural e religioso da seda nesse contexto.
Datado do final da Dinastia Shang (1600-1100 a.C.), o local de Sanxingdui já intrigava pesquisadores com seus oito poços de sacrifício repletos de artefatos como jade, bronze, marfim e ouro.
Segundo informações do portal Archaeology News, entre os achados recentes, destaca-se um artefato de "louça em forma de grade" embutido com jade e revestido com resíduos de tecido. Apesar da vulnerabilidade da seda em relação à decomposição, técnicas avançadas de análise permitiram confirmar a presença de resíduos dessa fibra no objeto.
Publicado na Scientific Reports, o estudo utilizou ferramentas de ponta que identificaram a fibroína, proteína característica da seda, e revelaram fibras lisas e triangulares típicas da seda de amoreira (Bombyx mori). Os resultados indicam que a sericultura, prática que envolve o cultivo de amoreiras para alimentar bichos-da-seda, já era empregada na época.
A pesquisa sugere que a seda servia como um "transportador material" em rituais, simbolizando a conexão entre o Céu e a Terra.
Segundo o Dr. Hu Xia, do Instituto de Pesquisa de Sichuan, os vestígios de seda encontrados em artefatos de jade e bronze provavelmente foram usados em cerimônias religiosas, refletindo o sistema de crenças do povo Shu. Esses achados dialogam com registros históricos que descrevem o uso da seda em contextos espirituais, como rituais de templo e vestimentas funerárias.
A datação por radiocarbono situou os artefatos entre 3.148 e 2.966 anos atrás, consolidando-os como alguns dos exemplos mais antigos de fibras de seda conhecidos.
+ Confira aqui o estudo completo.
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