Donald Trump em comício - Getty Images
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Trump é fascista? Historiador norte-americano responde

Robert Paxton, renomado historiador americano, indica que Trump se aproxima do fascismo tradicional, e diz que é preciso ter cautela com uso do termo

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 24/10/2024, às 18h05

O historiador Robert Paxton, um dos principais especialistas em fascismo nos Estados Unidos, sempre foi cauteloso ao se referir ao ex-presidente Donald Trump.

Embora tenha evitado rotulá-lo como fascista, considerando que o termo poderia cair em banalização, essa perspectiva mudou após o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Naquele dia, apoiadores de Trump invadiram o edifício do Congresso em uma tentativa de impedir a certificação da vitória de Joe Biden. Quatro anos depois, Paxton ainda é cauteloso, mas afirma que Trump "realmente é" fascista.

Semelhanças

Após a invasão, que lhe lembrou as marchas de grupos extremistas do passado, como os Camisas Negras de Mussolini, Paxton viu a situação como uma oportunidade de refletir sobre a política americana contemporânea e suas semelhanças com a história europeia do século XX.

Desde a eleição de Trump em 2016, intelectuais têm traçado paralelos entre seu estilo político e os movimentos fascistas, com Paxton reconhecendo semelhanças, como a retórica anti-imigrante.

No entanto, ele sempre destacou que o fascismo original visava fortalecer o Estado em detrimento dos interesses individuais, enquanto o Trumpismo parecia favorecer ricos. A mudança de postura de Paxton aconteceu após os eventos de janeiro de 2021, quando ele percebeu que a escalada da violência exigia uma nova abordagem na análise.

Em coluna no Newsweek, o historiador explicou a mudança na abordagem: "A virada para a violência foi tão explícita e intencional que tive que mudar minha visão sobre isso", disse.

Apoiadores de Trump invadem o Capitólio americano em 6/01/2021 - Wikimedia Commons

 

Poucos dias após o ataque, Paxton escreveu no portal que o incidente "removeu sua objeção ao rótulo fascista", considerando-o não apenas aceitável, mas necessário. Essa declaração foi vista como um marco nas discussões sobre o tema, dado seu prestígio acadêmico.

Atualmente, com Trump se lançando novamente à presidência, Paxton acredita que, embora o uso da palavra 'fascista' possa ser "politicamente inútil", o ex-presidente realmente representa essa ideologia: "é a coisa real".

O historiador observa que o fenômeno Trumpista não é apenas uma criação de Trump, mas uma reação a um descontentamento mais amplo nas bases populares: "O que você deveria estudar é o ambiente no qual esses movimentos cresceram", concluiu.

Leia também: Ex-chefe de gabinete de Trump diz que ele 'se enquadra na definição de fascista’

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