Advogado Juan José Quispe e Rosa Pallqui segurando a foto de Jaime Ayala Sulca - Reprodução/Facebook
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Justiça histórica: Ex-militar é condenado por massacre de agricultores no Peru

Após 40 anos, juíza peruana condena ex-capitão a 18 anos de prisão pelo desaparecimento forçado de jornalista e outros crimes

Redação Publicado em 14/10/2024, às 18h15

Em um julgamento histórico que durou mais de dois anos, a juíza Miluska Cano, da Quarta Câmara Penal, condenou no último dia 30 o ex-capitão de fragata, Alberto Rivero Valdeavellano, a 18 anos de prisão pelo desaparecimento forçado do jornalista Jaime Ayala Sulca e outros crimes cometidos durante o conflito armado interno no Peru.

O caso, que remonta a 1984, envolve o assassinato de 17 evangélicos, o desaparecimento de 50 pessoas encontradas em valas comuns e a prisão e desaparecimento do jornalista Ayala, que se dirigia a instalações militares para denunciar maus-tratos sofridos por sua mãe. Todos os crimes ocorreram na província de Huanta, em Ayacucho, uma das regiões mais afetadas pela violência do Sendero Luminoso.

O tenente Augusto Gabilondo García del Barco, outro acusado, foi declarado culpado e sua prisão internacional foi ordenada. Ele havia sido preso na Espanha em 2022, mas foi libertado provisoriamente enquanto se aguarda a extradição.

A juíza Cano considerou os crimes cometidos como crimes contra a humanidade, destacando a gravidade das violações aos direitos humanos e a necessidade de responsabilização dos autores. Em sua decisão, a magistrada também determinou que o Estado peruano apresente um pedido público de desculpas às vítimas e seus familiares, reconhecendo o "grave erro de considerar injustamente os camponeses humildes como elementos terroristas".

Confrontos intensos

Ayacucho, berço da guerrilha Sendero Luminoso, foi palco de intensos confrontos durante a década de 1980. A província registrou um dos maiores números de detidos e desaparecidos, com milhares de vítimas da violência política. A Comissão da Verdade e Reconciliação estima que existam mais de 4.000 sepulturas clandestinas no Peru, resultado da guerra que deixou cerca de 70.000 mortos e desaparecidos.

Segundo o 'France 24', a condenação dos ex-militares repercutiu nacional e internacionalmente, sendo vista como um marco na luta contra a impunidade e na defesa dos direitos humanos.

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