A atriz Glória Pires e o presidente Jair Bolsonaro - Getty Images
Nise da Silveira

Glória Pires responde veto de homenagem para Nise da Silveira: 'Momento de ignorância'

Estrela do filme bibliográfico de Nise da Silveira não gostou da atitude do presidente Jair Bolsonaro

Redação Publicado em 07/06/2022, às 12h19

O filme 'Nise: O Coração da Loucura', com Glória Pires interpretando a psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), levou milhares de pessoas aos cinemas, em busca de prestigiar a obra que relata a vida da profissional que marcou o seu nome nos estudos e tratamentos psiquiátricos no Brasil. Já no dia 25 de maio, o presidente Jair Bolsonaro, vetou a homenagem que seria feita à Nise, colocando-a no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

A protagonista do filme, Glória Pires, deu uma entrevista exclusiva para o portal ‘VEJA’ e falou a sua opinião sincera sobre a atitude de Bolsonaro:

“O que a Nise deixou, o legado dela, está aí. Não importa se ela está no livro ou não. Isso é muito pouco perto de tudo o que ela fez. O livro é que perde de não ter a Nise, e não o contrário”, falou a atriz.

A aclamada psiquiatra foi contrária aos tratamentos agressivos da época, como eletrochoque, camisas de força e lobotomia. Ela dirigiu a área de terapia ocupacional do Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro, entre 1946 e 74. Também teve sua história marcada pela militância comunista durante a faculdade. 

“A Nise viveu para o trabalho dela, com um nível de empatia imenso. Foi uma mulher de uma grandeza e inteligência que desafiam o momento de ignorância que temos vivido Isso tudo me lembrou de uma história de um homem que ela acompanhou, que esculpia na madeira. Um dia ele pediu uma opinião para ela, que sugeriu que ele fizesse um livro. Depois, o homem voltou com a obra e mostrou que esculpiu um livro e em volta um coração e disse: ‘O livro sem o coração não presta’. Ela aprendia todos os dias, e é esse o legado dela: empatia e aprendizado, complementou Glória em seu relato.

Porque o presidente barrou as homenagens?

Segundo o chefe de estado, o ato sugerido pela  deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), representou uma “contrariedade ao interesse público”.

“Não é possível avaliar a envergadura dos feitos da médica Nise Magalhães da Silveira e o impacto destes no desenvolvimento da nação, a despeito de sua contribuição para a área da terapia ocupacional. Ademais, prioriza-se que personalidades da história do país sejam homenageadas em âmbito nacional, desde que a homenagem não seja inspirada por ideais dissonantes das projeções do Estado Democrático”, disse o presidente em sessão do plenário realizada em maio.
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