Teoria baseada na equação de Drake sugere que a busca por sinais de vida alienígena pode estar focada no "universo errado"
Giovanna Gomes Publicado em 16/11/2024, às 08h11
Uma nova pesquisa publicada na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society propõe que universos paralelos dentro de um multiverso hipotético poderiam ter condições mais favoráveis à vida extraterrestre do que o nosso.
Baseada na equação de Drake, a teoria explora como variações na densidade de energia escura podem influenciar a formação de estrelas em diferentes universos, sugerindo que a busca por sinais de vida alienígena pode estar focada no "universo errado".
Formulada em 1961 pelo astrofísico Frank Drake, a equação de Drake estima a probabilidade de encontrar vida extraterrestre na Via Láctea, considerando o número de estrelas necessárias para formar planetas habitáveis.
Segundo o portal O Globo, o novo estudo expande essa abordagem, examinando como a densidade da energia escura — a força misteriosa responsável pela expansão acelerada do universo — afeta a formação de estrelas em universos paralelos.
De acordo com o modelo, o universo ideal para a formação de estrelas converteria até 27% de sua matéria não escura em estrelas. No entanto, no nosso universo, essa taxa é de apenas 23%, resultando em menos estrelas e, potencialmente, menos oportunidades para o surgimento de vida.
"Pode ser empolgante usar o modelo para explorar o surgimento da vida em diferentes universos e reinterpretar algumas das questões fundamentais que fazemos sobre nosso próprio universo", comentou Lucas Lombriser, cosmólogo da Universidade de Genebra e coautor do estudo.
A densidade de energia escura influencia diretamente a expansão de um universo e, portanto, sua capacidade de formar estrelas. Universos com menos energia escura se expandiriam mais lentamente, permitindo que a gravidade consolidasse grandes estruturas cósmicas, como galáxias e aglomerados estelares, promovendo a formação de novas estrelas. Por outro lado, universos com uma densidade ligeiramente maior que a nossa poderiam formar estruturas estelares maiores e mais numerosas.
No entanto, um excesso de energia escura aceleraria tanto a expansão que dispersaria a matéria antes que as estrelas pudessem se formar.
Os pesquisadores concluíram que o "universo ótimo" teria uma densidade de energia escura um pouco maior do que a do nosso. "Pode ser que não vivamos no universo mais provável", observou Daniele Sorini, cosmólogo da Universidade de Durham e autor principal do estudo.
Embora a energia escura permaneça um mistério, sua compreensão pode ajudar a resolver o paradoxo de Fermi — o contraste entre a alta probabilidade de vida alienígena e a ausência de evidências. O estudo abre novas possibilidades para entender o papel das forças fundamentais na evolução do cosmos.
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