Canídeo encontrado (A) e graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) (B) - Divulgação/Thales Renato Ochotorena de Freitas/Bruna Elenara Szynwelski
Canídeo híbrido

Fêmea híbrida de cão e canídeo silvestre é primeiro caso relatado na América do Sul

Animal encontrado no Rio Grande do Sul chama atenção por suas características únicas

Giovanna Gomes Publicado em 23/08/2023, às 09h07

Uma criatura de pelagem escura com poucos pelos brancos, semelhante a um cão doméstico, foi resgatada após ser atropelada no ano de 2021 na região de Vacaria, localizada no estado do Rio Grande do Sul.

Inicialmente, a equipe da Patrulha Ambiental da cidade classificou o animal como um canídeo selvagem, possivelmente da espécie graxaim. Devido a uma extensa lesão na lateral do abdômen, o mamífero foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para receber cuidados médicos.

Após uma completa recuperação, pesquisadores realizaram um estudo detalhado da fêmea e fizeram uma descoberta surpreendente: o animal era, de fato, um híbrido resultante do cruzamento entre um cachorro doméstico e um canídeo silvestre. Esse tipo de cruzamento, até então inédito na América do Sul, chamou a atenção da comunidade científica.

Publicação de estudo

Segundo informações da revista Galileu, a equipe de especialistas responsáveis por essa descoberta documentou o ocorrido em um estudo publicado no periódico científico "Animals" em 3 de agosto. Os autores do estudo são Bruna Szynwelski, Cristina Matzenbacher, Thales de Freitas, Flávia Ferrari e Marcelo Alievi, todos ligados à UFRGS, juntamente com Rafael Kretschmer, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

A partir de análises de amostras de pele e sangue da fêmea coletadas depois de uma sedação, a equipe descobriu que o animal teria ascendência materna de graxaim-do-campo.

Segundo ressalta o Professor Rafael Kretschmer, pertencente ao Departamento de Ecologia, Zoologia e Genética da UFPel, uma vez que ocorre a separação entre diferentes espécies, cada uma delas segue um curso evolutivo distinto, podendo acumular ao longo do tempo diversas mutações. Isso engloba modificações nos cromossomos, o que pode resultar em alterações na estrutura e no número dessas unidades genéticas.

Tanto o graxaim-do-campo quanto o cão doméstico apresentam uma configuração de forma e número dessas estruturas cromossômicas semelhante: são encontrados em ambos os animais 74 e 78 cromossomos, respectivamente.

Embora essas espécies tenham divergido há cerca de 6,7 milhões de anos e pertençam a gêneros diferentes, parece que poucas alterações ocorreram em seus materiais genéticos, o que possibilita a hibridização", conta o professor.

+Confira aqui o estudo completo.

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