Canadá estabelece acordo para indenizar crianças indígenas

Um acordo histórico de bilhões de dólares com o objetivo de reformar o sistema de bem-estar infantil e compensar famílias indígenas afetadas por essa política discriminatória foi aprovado por um tribunal canadense na última terça-feira, 24.

O acordo inclui o pagamento de 16,7 bilhões de dólares (R$ 83,5 bilhões) em compensações para mais de 300.000 crianças e suas famílias, além de 14 bilhões de dólares (R$ 70 bilhões) adicionais para a reforma do sistema de bem-estar infantil em comunidades indígenas.

A ministra de Serviços Indígenas do país, Patty Hadju, destacou a importância deste acordo, chamando-o de "histórico" e o maior da história do Canadá. Ela acrescentou que, embora não possa apagar os danos passados, reconhecerá a dor que muitos demandantes sofreram.

Segundo informações da agência de notícias AFP, o acordo é resultado de décadas de ações legais e negociações, após um tribunal de direitos humanos ter determinado que o governo havia reduzido o financiamento de serviços infantis para indígenas em comparação com serviços para não indígenas.

Túmulos anônimos

O acordo chega após a descoberta de centenas de túmulos anônimos em internatos mantidos pelo governo, onde estudantes indígenas eram separados de suas culturas e idiomas.

Entre o final do século XIX e a década de 1990, cerca de 150.000 crianças indígenas foram retiradas de suas casas e enviadas para 139 internatos. Muitas delas morreram, principalmente devido a desnutrição, doenças e negligência, um triste episódio descrito como "genocídio cultural" em um relatório de 2015 de um comitê de verdade e reconciliação.