John e Cynthia Lennon; à direita, o beatle Paul McCartney - Getty Images
Beatles

Afinal, Paul McCartney comprou cartas da ex-esposa de John Lennon?

História que circula nas redes sociais afirma que McCartney teria pedido que Cynthia Lennon não vendesse mais as correspondências

Giovanna Gomes Publicado em 15/08/2024, às 18h00

Em diferentes redes sociais, uma história que frequentemente viraliza diz que Paul McCartney teria comprado cartas do primeiro casamento de John Lennon e, pouco depois, devolvido-as à ex-esposa de Lennon. Além disso, teria deixado uma nota pedindo à mulher que não vendesse suas memórias. 

Uma única carta

Em seu livro de memórias de 2005, intitulado "John", Cynthia Lennon chegou a afirmar que vendeu cartas do músico após o divórcio, ocorrido em 1968. Ela contou que Paul McCartney comprou uma dessas cartas, emoldurou-a e devolveu-a a ela e Julian, filho do ex-casal. Na época, Cynthia descreveu o gesto como "imensamente atencioso e profundamente apreciado", de acordo com matéria do portal Snopes.

Em 2 de outubro de 2005, o Washington Post mencionou em artigo que, após o divórcio e a venda das cartas, a ex-esposa de John Lennon teria atuado em diversas áreas, tendo sido dona de um restaurante e, posteriormente, de uma pousada, além de ter trabalhado na televisão.

No texto, a fonte também menciona que a britânica vendeu seus desenhos antigos, além das cartas de amor de John — e que uma delas teria sido comprada e devolvida por McCartney.

Paul McCartney durante show em 2017 / Crédito: Getty Images

 

Embora as memórias de Cynthia e o artigo do Washington Post confirmem aspectos gerais das alegações nas redes sociais, ambos explicam que Paul McCartney comprou e devolveu apenas uma carta — não toda a correspondência do ex-casal.

Como destaca o Snopes, detalhes adicionais nas postagens virais, como a inclusão de uma nota por McCartney e a afirmação de que esses eventos ocorreram em poucos dias, parecem ser adições não confirmadas à história original.

Agosto de 1965

A carta devolvida foi escrita por John Lennon em 23 de agosto de 1965, durante a turnê dos Beatles nos Estados Unidos. Nela, o astro expressa sua saudade de Cynthia e de seu filho, Julian, que tinha 2 anos na época. Cynthia incluiu um trecho da carta em seu livro:

Paul McCartney e John Lennon / Crédito: Getty Images

 

Eu passo horas em camarins pensando sobre os momentos que eu perdi por não estar com [Julian] – e por não brincar com ele – [...] está tudo errado! Ele não me vê o suficiente e eu quero que ele me conheça e me ame, e sinta minha falta como eu sinto de vocês dois", diz o trecho.

Nova Venda

O livro de memórias não é o único a reproduzir o texto da carta. Em 2012, "The John Lennon Letters" (As Cartas de John Lennon) republicou a correspondência, acompanhada de outras 284 escritas pelo beatle.

Na introdução, o editor Hunter Davies revelou que, embora a carta original tivesse sete páginas, apenas as duas páginas finais foram preservadas. Davies especulou que Cynthia pode ter destruído as primeiras cinco páginas por considerá-las muito dolorosas de ler, ou pode tê-las perdido.

John Lennon, Cynthia e o baixista McCartney / Crédito: Getty Images

Davies também menciona que a ex-esposa de Lennon chegou a vender a carta uma segunda vez em 1991, o que significa que ela não estava mais em sua posse quando a história foi divulgada em suas memórias de 2005.

De acordo com a casa de leilões Christie's, responsável pela venda, a carta foi arrematada por £ 3.080, o equivalente a aproximadamente R$ 21.700 na cotação atual.

Embora Cynthia Lennon não tenha mencionado a revenda em suas memórias, ela expressou sentimentos contraditórios sobre o documento, apesar de sua apreciação pela generosidade de McCartney. "Eu sei que John amava e sentia nossa falta e que ele de fato sentia cada palavra", escreveu ela. "Mas ele não mudou."

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Parcialmente verdade

Ao contrário do que dizem as publicações nas redes sociais, somente uma das várias cartas postas à venda por Cynthia Lennon após o divórcio foi de fato comprada e devolvida por Paul McCartney.

Além disso, a narrativa que circula pela internet diz que a devolução teria ocorrido poucos dias após a venda, quando, na verdade, se deu anos depois. Também vale destacar que não há provas de que Paul tenha incluído uma nota solicitando a Cynthia que não vendesse suas memórias novamente.

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