Um dos mais consagrados escritores do terror, Edgar Allan Poe costuma ser referenciado como uma pessoa sombria e mórbida; mas ele não era bem assim
Éric Moreira Publicado em 16/10/2024, às 13h00 - Atualizado às 13h50
Embora Shakespeare seja considerado por todos o maior escritor de língua inglesa que já existiu, aquele que mais marcou o gênero do terror, com seu estilo gótico e sombrio, certamente foi o americano Edgar Allan Poe. Ele é creditado como responsável pelo surgimento também do gênero de ficção criminal, criando obras extremamente emblemáticas na primeira metade do século 19.
Curiosamente, Allan Poe faleceu em 7 de outubro de 1849, com apenas 40 anos, sob circunstâncias até hoje enigmáticas, após ser encontrado inconsciente e incapaz de se comunicar na sarjeta em frente ao Gunner’s Hall no dia 3 de setembro daquele ano. Ele nunca recuperou sua consciência e morreu um mês depois, e até hoje segue incerto o que teria deixado o escritor naquele estado, o que sempre levantou uma série de teorias.
Por essa morte enigmática e certamente por suas obras sombrias, Allan Poe se tornou uma figura ainda mais intrigante após morrer, sendo lembrado sempre como uma pessoa solitária e de ombros caídos — conforme podemos ver até em filmes recentes, como 'O Corvo', de 2012. Porém, segundo o escritor, jornalista e professor universitário Mark Dawidziak, em entrevista exclusiva à equipe do site Aventuras na História, em vida Edgar Allan Poe era bastante diferente do que muitos pensam.
Autor de 'O Mistério dos Mistérios: A Morte e a Vida de Edgar Allan Poe', biografia sobre o escritor americano que chega ao Brasil pela Editora Cultrix, Dawidziak conta que "um estudo cuidadoso de sua vida mostra que a caricatura que fizemos de Poe está completamente errada".
Ele não era o solitário perpetuamente sombrio, mórbido, doentio e de ombros caídos como pensamos dele", esclarece Dawidziak na entrevista.
Em vez disso, o autor na verdade foi uma pessoa saudável e atlética durante a maior parte de sua vida. "Ele andava rapidamente com os ombros para trás, caminhando em um passo militar. Era um bom boxeador e conseguia vencer qualquer competição de salto. Ele podia ser charmoso e engraçado, tanto pessoalmente quanto na imprensa. Longe de ser um solitário, ele tinha um amplo círculo de amigos", completa.
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Embora tenha vivido apenas 40 anos, Edgar Allan Poe foi um autor tão ativo que, nestes anos, deixou obras suficientes para que a primeira coleção acadêmica deste acervo contasse com 17 volumes. E foi graças a essas obras, além do mistério em torno de sua morte, que ele foi imaginado como o homem sombrio e mórbido pelo qual muitos conhecem.
E, apenas uma pequena fração disso eram histórias de terror ou mistério. Ainda assim, esse pequeno grupo de histórias o definiu como escritor e pessoa. Ele foi um escritor incrivelmente prolífico, dedicado, cuidadoso e versátil", conclui Mark Dawidziak.
Texto: Éric Moreira/ Entrevista: Fabio Previdelli
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