A pintura, que é um dos maiores clássicos da história da arte americana, possui elementos fortes e intrigantes
Alana Sousa Publicado em 31/10/2020, às 07h00
Uma das pinturas mais clássicas da história americana é American Gothic, de Grant Wood. A obra, criada em 1930, apresenta um homem e sua filha em frente a uma casa em estilo gótico, com uma marcante janela na parte superior.
Em sua concepção, Grant contou que, além da residência, queria retratar “o tipo de pessoa que imaginava viver naquela casa”. Por muitos anos, pensava-se que se tratava de um casal, porém, na verdade, o homem posa ao lado de sua filha, que foi levemente inspirada em Nan Wood Graham, a irmã do próprio pintor.
Instigando as pessoas desde sua estreia na coleção do Art Institute of Chicago, American Gotchi possui características que incitam a imaginação de quem analisa o quadro. A forquilha na mão do fazendeiro, as expressões confusas no rosto dos indivíduos, os detalhes de suas roupas, estão abertos para a interpretação de cada um. No entanto, algo presente na tela parece cativar o olhar mais do que qualquer outro elemento: a casa.
American Gothic House
A casa branca de modelo gótico rural rapidamente se tornou um marco artístico e muitos se perguntavam se ela seria fruto da cabeça de Wood ou se tinha sido inspirada em alguma propriedade existente.
Hoje conhecida como American Gothic House, a residência realmente existe e fica localizada na cidade de Eldon, no estado de Iowa, Estados Unidos. Ela foi avistada por Grant em um de seus passeios pela região, num dia que buscava inspiração — mal sabia que iria encontrar o objeto que deu vida a sua maior criação.
No verão de 1930, o artista estava na cidade para atender a uma exposição de arte, quando seu colega, Edward Rowan, o levou para dar uma volta. Ao notar a casa com a janela divertida e “pretensiosa”, como ele mesmo chegou a descrever, parou e fez um rápido esboço; levou, mais tarde, o rascunho para o estúdio e começou a trabalhar. Finalizando em pouco tempo o enigmático painel.
Origem
Construída entre 1881 e 1882, por Catherine e Charles Dibble, a residência ainda possui outra janela gótica na parte dos fundos. Registrada primeiramente como Casa Dibble, tempos depois, passou a ser propriedade de Carl E. Smith que, em 1991, doou para o State Historical Society of Iowa.
“Na década de 1960 e no início da década de 1970, houve discussões sobre a mudança da casa para um local mais conveniente, mas nenhuma ação foi tomada”, explica o site American Gothic House.
Até o ano de 2014, o Estado de Iowa ainda continuou a alugar a casa para quem desejasse, porém, o terreno atualmente serve apenas como ponto turístico, intitulado American Gothic House Center.
O objeto de Grant Wood foi palco de inúmeras reproduções tanto de amadores quanto de outros profissionais, que buscavam se inspiram e criar uma releitura para a famosa pintura. Um dos patrimônios do Registro Nacional de Locais Históricos ainda atrai a curiosidade de amantes da arte e de admiradores culturais.
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