Governo brasileiro protegeu gente acusada de nazismo, tortura, assassinato, terrorismo e crimes comuns
Rita Loiola Publicado em 30/09/2019, às 13h00
Nosso hábito de não extraditar estrangeiros procurados surgiu no fim do século 19. "O Brasil assinou todas as convenções internacionais que concedem abrigo aos estrangeiros", diz Paulo Borba Casella, especialista em Direito Internacional da Universidade de São Paulo.
A lista de beneficiados inclui um representante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Alfredo Stroessner, ex-ditador paraguaio. Confira abaixo os casos mais famosos de pessoas que já encontraram abrigo por aqui.
1. Roger Pinto Molina
O ex-senador boliviano foi acusado de participar do massacre em Porvenir em 11 de setembro 2008. Em meio a uma tentativa de golpe de estado da direita, insatisfeita por um plebiscito que confirmou Evo Morales no poder, 12 militantes pró-governo e um soldado foram assassinados.
Refugiou-se na embaixada brasileira de La Paz em 2012 e no mesmo ano conseguiu asilo político no Brasil, fugindo do país em 2013 com a ajuda de autoridades brasileiras, sob ordens do ministro das relações exteriores Antonio Patriota, que se demitiu posteriormente. Morreu em Brasília, em 16 de agosto de 2017.
2. Cesare Battisti
O ex-membro dos Proletários Armados do Comunismo (PAC) foi condenado a 12 anos de prisão pela Itália, após o assassinato de 4 pessoas em 1979. Fugiu para a França, mas o seu destino final foi o Brasil. Usando documentos falsos, foi detido no Rio de Janeiro em março de 2007.
Em 2011, após muita polêmica, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela não extradição. Battist acabou sendo extraditado em dezembro de 2018. Atualmente, ele cumpre pena na Itália e já escreveu 15 livros de ficção.
3. Olivério Medina
Ex-padre e integrante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, foi preso no Brasil duas vezes, em 2000 e em 2005. Em 14 de julho de 2006, conseguiu o status de refugiado.
De 1964 até o desarmamento em 2017, As Farc, não reconhecidas pelo governo brasileiro como um movimento terrorista, usaram de sequestros, atentados, assassinatos e (nunca admitido) narcotráfico para implantar o comunismo na Colômbia.
Estima-se que 220 mil pessoas morreram no conflito entre exército, paramilitares e guerrilhas de esquerda colombiana.
4. Alfredo Stroessner
O ex-ditador governou o Paraguai de 1954 a 1989, "ganhando" seis eleições, no mais longo mandato da história da América do Sul, que terminou com outro golpe militar. Viveu como refugiado em Brasília até falecer, em 2006.
Entidades de direitos humanos atribuem a ele 900 assassinatos e desaparecimentos. Mas o governo brasileiro nunca aceitou devolver Stroessner aos paraguaios.
5. Pietro Mancini
Participante da organização Autonomia Operária, um dos movimentos envolvidos nos Anos de Chumbo (Anni di Piombo) da Itália, onde organizações de direita e esquerda se combateram, causando mais de 250 mortes.
Foi condenado por assassinato em seu país natal. Em 2005, o Brasil negou seu pedido de extradição. Mancini naturalizou-se brasileiro, montou uma produtora e até trabalhou na campanha de Fernando Gabeira para prefeito do Rio de Janeiro.
6. Albert Pierre
O ex-chefe da polícia secreta do Haiti foi parar em Fernando de Noronha depois da queda do governo de Baby Doc Duvalier, em 1986, que causou a fuga de centenas de milhares de pessoas do país.
Acusado de assassinar, torturar e violar os direitos humanos dos opositores ao regime haitiano, conquistou o refúgio um ano depois de chegar.
7. Achille Lollo
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