Pagu reflete sobre as situações humilhantes e precárias vividas pelas operárias paulistanas
Denunciar as condições humilhantes e precárias das operárias paulistanas. Esse era o maior objetivo de “Parque Industrial”, lançado em 1933, por Patrícia Galvão. Um “romance panfletário”, o livro é necessário aos leitores fiéis de Pagu, e interessante aos que buscam conhecer mais o contexto social da época.
Trazendo reflexões sobre a industrialização brasileira do século XX e suas consequências, a obra é vista, por muitos, não apenas como um retrato de sua época, mas sim um manifesto. Passando por temáticas como feminismo e direitos trabalhistas, o livro está consolidado como objeto atual de leitura por narrar o que ainda hoje é a condição real de milhares de pessoas no Brasil.
A linguagem coloquial, descrevendo as cenas de exploração sofridas pelas trabalhadoras no dia a dia; seus capítulos descontinuados, padrão utilizado na técnica de foto colagem; e sua perfeita descrição de como as agressões ocorriam, por parte dos patrões, nos ambientes de trabalho. Essas foram as formas que a escritora encontrou para fazer o leitor visualizar em sua mente as vivências, traumas e frustrações do ponto de vista das mulheres proletárias, e como condições desumanas afetavam suas vidas.
A SEMANA DE ARTE MODERNA
Foi há 100 anos atrás, entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, que a Semana de Arte Moderna mudaria os rumos da arte brasileira. Popularizar a arte, criar uma identidade autêntica às artes nacionais e trazer ao Brasil o movimento modernista inspirado nas vanguardas europeias, esses eram alguns dos objetivos da Semana que marca nossa cultura, até os dias atuais.
Enquanto o Brasil atravessava mudanças políticas, econômicas e principalmente sociais, o evento artístico apresentava uma nova estética para cada campo da arte, e contou com apresentações de dança, música, poesias, pinturas, esculturas, exposição de obras de arte e palestras.
A AUTORA
Patrícia Rehder Galvão (1910 - 1962), foi uma ativista jovem, escritora, diretora, tradutora, desenhista, cartunista, jornalista e militante política. Os dons eram imensos e recheados de talento.
Em seus 21 anos de idade, publicou “Parque Industrial”, livro que partia da perspectiva marxista, entretanto criticado pela própria militância comunista como sensacionalista e inexperiente, situação que obrigou a escritora a publicar o livro utilizando um pseudônimo.
Curiosamente, mesmo sendo nomeada por muitos como musa dos modernistas, Patrícia tinha apenas 10 anos quando a Semana de Arte Moderna aconteceu.