Admiradora de Nietzsche, a estrela de Hollywood foi internada em um hospital psiquiátrico
Frances Farmer foi uma grande atriz norte-americana, que ficou conhecida após fazer declarações polêmicas sobre a sua vida e pessoal, principalmente relacionadas ao seu tratamento em um hospital psiquiátrico durante seis anos.
Nascida no dia 19 de setembro de 1913, em Seattle, Frances Farmer foi criada em uma família de advogados e desde muito cedo demonstrou interesse pela escrita e política. Durante a adolescência, apareceu por diversas vezes nos jornais locais de Seattle, por fazer declarações feministas e alegar que Deus estaria morto, baseando-se nos ensinamentos do filósofo Nietzsche.
Pouco tempo depois a jovem ingressou no teatro, a mando de sua mãe, que sonhava em ser atriz, mas não conseguiu realizar o desejo. No entanto, durante a faculdade, Farmer aprimorou seus conhecimentos políticos e dedicou-se a elaborar artigos sobre os paradigmas sociais da época. Em 1935, a atriz se formou em jornalismo, mas sua mãe a convenceu que deveria seguir as artes cênicas e dedicar-se a sua carreira de atriz.
Desde muito cedo Farmer lutava contra o machismo e buscava se emancipar dos paradigmas da época. No entanto, a pressão da família levou a atriz a seguir os sonhos de sua mãe, que visava apenas a fama e ascensão da filha em Hollywood. Em pouco tempo, Farmer conseguiu destaque nos cinemas, o que lhe permitiu assinar um contrato de sete anos com a Paramount Pictures.
A cláusula contratual dizia que ela deveria obedecer às ordens dos produtores, acompanhar diretores em festas e manter segredo sobre os eventos a qual participava. Embora tenha cedido, Farmer odiava aquele universo, regado de falsidade, moralismo e dinheiro. Para reforçar a ideia de estrela emergente, a atriz foi obrigada, ainda, a se casar com outro ator.
Frances Farmer constantemente se sentia mal e supérflua, por causa da vida que lhe foi imposta. A atriz por diversas vezes tentou resistir a toda opressão a qual foi submetida, negando-se a gravar cenas que fossem contra seus princípios. Em uma determinada ocasião, a estrela teria agredido, ainda, um dos diretores de Hollywood, mas foi detida pela polícia.
Por conta disso, a artista foi internada em um hospital psiquiátrico, sob a alegação que ela uma pessoa rebelde que deveria ser controlada. Posteriormente, Farmer foi diagnosticada com esquizofrenia e submetida a uma terapia de eletrochoques. Após sair da clínica, ela decidiu romper com a sua carreira, no entanto, a decisão desagradou a sua mãe.
Furiosa, a matriarca da família entrou na justiça com o objetivo de intervir nas decisões de sua família. O juiz responsável pelo caso de Farmer a declarou com incapacidade mental, e determinou que atriz deveria retornar ao hospital psiquiátrico de Steilacoom, em Washington. No local, a atriz foi abusada sexualmente e torturada inúmeras vezes.
Frances Farmer se aposentou em 1964 e se casou três vezes ao longo de sua vida. Sem filhos e vítima do alcoolismo, a atriz veio a falecer no dia 1 de agosto de 1970, em Indianápolis, devido a um câncer no esôfago.