Ativista política pelos direitos das mulheres e pela preservação da democracia a militante teve um trágico fim
Milada Horáková foi uma grande política tcheca, julgada e condenada pelo partido comunista sob falsas acusações de conspiração e traição à pátria. No entanto, anos antes do fatídico episódio responsável pela sua morte, a ativista foi torturada por forças nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Nascida Milada Králová, no dia 25 de dezembro de 1901, em Praga, aos 17 anos, foi expulsa de sua escola por participar de uma manifestação contra a Primeira Guerra Mundial. Após concluir o ensino médio em outro colégio, a jovem foi estudar direito na Universidade Charles. Entre 1927 a 1940, Horáková trabalhou no departamento de assistência social, em sua cidade natal.
Ativista pela igualdade e luta das mulheres, Horáková atuou como voluntária na Cruz Vermelha da Tchecoslováquia. Em 1927, conheceu Bohuslav Horák, com quem se casou e teve uma filha, chamada Jana, em 1933. Em 1929, filiou-se ao Partido Socialista Nacional da Tchecoslováquia, principal oponente ao nacional-socialismo alemão.
Em 1939, Horáková tornou-se membro do movimento de resistência contra a ocupação alemã na Tchecoslováquia. Assim como seu marido, a ativista foi presa e interrogada pela Gestapo. Em 1940, foi enviada para o campo de concentração de Terezín, onde foi submetida ao trabalho forçado e a torturas físicas e psicológicas.
Quatro anos depois, Horáková foi condenada a 8 anos de prisão perante o tribunal em Dresden. No entanto, em 1945, com o avanço dos Aliados, ela foi libertada. Após o fim da Segunda Guerra Mundial retornou a Praga, onde juntou-se à liderança do Partido Socialista Nacional Tchecoslovaco, recém-reconstituído.
Já em 1946, foi contemplada com um assento na notória Assembléia Nacional, representando a região de České Budějovice. Focada na luta pelos direitos das mulheres e pela preservação das instituições democráticas da Tchecoslováquia, Horáková tornou-se uma das políticas mais bem respeitadas. No entanto, sua vida estava prestes a mudar novamente.
Com o golpe comunista, ocorrido em fevereiro de 1948, Horáková decidiu renunciar ao seu cargo, em protesto ao parlamento. Embora diversos associados políticos tivessem deixado a Tchecoslováquia com medo das perseguições, Horáková optou por permanecer no país. No dia 27 de setembro de 1949, a militante foi presa e torturada sob a falsa acusação de ser a mandante de uma conspiração para derrubar o regime comunista.
Antes de ser julgada, Milada Horáková foi torturada fisicamente e psicologicamente, mas desta vez pelo STB, o órgão de segurança do estado da Tchecoslováquia. Iniciado no dia 31 de maio de 1950, o julgamento de Horáková foi supervisionado por conselheiros soviéticos e organizado por autoridades comunistas. Em 8 de junho de 1950, Milada Horáková foi condenada à morte, sendo enforcada na prisão de Pankrác, no dia 27 de junho daquele mesmo ano.
Aos 48 anos, a ativista foi brutalmente assassinada sob falsas acusações e em suas últimas palavras disse: "Eu perdi essa luta, mas saio com honra. Amo este país, amo esta nação, luto pelo bem-estar deles. Parto sem rancor. Em sua direção. Desejo, desejo a você...”, sem conseguir concluir.
Após a execução seu corpo foi cremado, mas suas cinzas nunca foram entregues à sua família, sendo desconhecido seu paradeiro. Em sua homenagem, em 2017 foi lançado o longa-metragem Milada, sendo o papel principal interpretado pela atriz israelense-americana Ayelet Zurer e dirigido pelo cineasta tcheco David Mrnka.