O autor é acusado de paganismo, sexismo e racismo na história da série
Ambientadas em um mundo fictício, misterioso e cheio de magia, as sete obras da saga As Crônicas de Nárnia foram escritas na década de 1950, pelo autor irlandês C. S.Lewis. Em Nárnia, o inverno é eterno, criaturas fantásticas existem, animais falam e, assim como a realidade que conhecemos, batalhas entre o bem e o mal são travadas. Ao longo dos livros, conhecemos toda a história do reino, desde a sua criação em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa", até seu apocalipse, em "A Última Batalha".
A saga de Lewis já ganhou diversas adaptações para rádios, séries de televisão e teatros. No entanto, o que popularizou Nárnia na cultura pop moderna - inclusive no Brasil - foi a adaptação do primeiro título para o cinema. "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa", dirigido por Andrew Adamson, foi lançado em 2005 e conquistou milhões de fãs ao redor do mundo. Após o sucesso da produção, mais dois filmes baseados nos títulos "Príncipe Caspian" e "A Viagem do Peregrino da Alvorada" foram lançados em 2008 e 2010, respectivamente.
O que mais surpreende neste clássico da literatura, entretanto, é que a saga de livros é repleta de polêmicas que aqueles que acompanharam as aventuras no reino de Nárnia apenas pelos filmes, desconhecem. Confira, abaixo, algumas das polêmicas escondidas entre as páginas das histórias de Lewis:
C. S. Lewis era cristão, e este fato sempre ficou evidente em sua obra - principalmente quando falamos de Aslam, o famoso leão das Crônicas de Nárnia, que era uma representação de Deus Pai, Filho e Espírito. No entanto, o autor já foi condenado por outros seguidores da doutrina cristã por incluir elementos pagãos em sua obra, uma vez que Nárnia era um reino regado de magia e animais mitológicos, o que os cristão consideram ser uma prática herege.
Isso se deu porque Lewis sempre fez questão de fazer paralelos com a sua história e a Bíblia, o que se torna mais evidente no livro final da série, “A Última Batalha”, onde Aslam é responsável por guiar aqueles fiéis a ele para um reino divino a fim de viver a vida eterna. O fato de Aslam ser um leão também impactou negativamente a comunidade cristã, que condenou a representação zoomórfica de Jesus Cristo.
Um dos aspectos que fez a história envelhecer mal foi a misoginia presente na narrativa e apontada mais tarde por leitores e críticos. Em As Crônicas de Nárnia, a maioria das personagens femininas são vistas como pessoas "choronas e fracas", e muitas não passam de filhas ou esposas de grandes homens da história.
Susana Pevensie, uma das personagens principais da saga, chegou a ser representada como "materialista e fútil". Segundo a narrativa de Lewis, a jovem abandonou sua vida em Nárnia por estar mais preocupada com "batons" e afins, o que não lhe deu espaço para deixar o reino devido ao seu crescimento e mudanças pessoais.
Como apontado em resenhas de diversos blogs literários, como Café Velho, Coruja em Teto de Zinco Quente e Estante de Livros, a falta de representatividade e o racismo estão presentes nos livros de C. S. Lewis. Primeiro, porque a grande maioria dos homens considerados "herois" na obra, são brancos. Além disso, na cidade fictícia Calormânia, os nativos são retratados como pessoas de pele morena e olhos escuros, e essas são consideradas pessoas "más".