Corpo celeste é considerado um dos mais amplamente observados do século 20
Era noite de 23 de julho de 1995 quando Alan Hale estava observando cometas conhecidos em sua cidade natal, Cloudcroft, no Novo México. Fundador e diretor do Southwest Institute for Space Research, segundo aponta o portal Swisr, Alan já havia dedicado grande parte de sua vida procurando por eles. Mas nunca teve sucesso.
Porém, naquela ocasião tudo mudou quando decidiu olhar próximo ao aglomerado globular de Messier 70, na constelação de Sagitário. Após consultar um reconhecido diretório de cometas, Hale se convenceu que sua observação era inédita e enviou um e-mail ao instituto responsável por catalogar e confirmar descobertas astronômicas, o Escritório Central de Telegramas Astronômicos.
Cerca de 860 quilômetros de distância, em Glendale, Arizona, também nos Estados Unidos, Tomas Bopp também observava o céu, mas com um telescópio emprestado, como conta matéria da InfoEscola, quando percebeu um corpo celeste diferente próximo a Messier 70.
Assim como Hale, ele também entrou em contado com o Escritório Central de Telegramas Astronômicos, desta vez por telegrama. O alerta foi recordado com bom humor por Brian G. Marsen, que dirigia a agência desde 1968, como mostra matéria do National Geographic Society:.
"Ninguém mais manda telegramas. Quero dizer, quando aquele telegrama chegou, Alan Hale já havia nos enviado três e-mails com as coordenadas atualizadas."
Apesar disso, na manhã seguinte, a confirmação de que aquele era, de fato, um novo cometa, foi feito pela instituição, que deu o nome a ele de C/1955 OI. Como explica o Swisr, o astro estava a uma distância de 7,15 Unidades Astronômicas (UA), ou, 1,1 bilhão de quilômetros de distância do Sol — o que significa que ele estava em uma posição entre Júpiter e Saturno.
Como diz o InfoEscola, isso colocava a nova descoberta muito mais distante do que qualquer outro já descoberto por amadores. Além do mais, nesta distância, grande parte dos cometas que pudessem ser identificados, seriam vistos com um brilho quase imperceptível. Mas não o Hale-Bopp, como também ficou conhecido.
Para se ter ideia, pouco depois, descobriu-se que ele já havia sido identificado em uma foto feita pelo Telescópio Anglo-australiano em 1993. Na oportunidade, ele estava a 13 UA do Sol. Nessa distância outros cometas, como o Halley, passariam desapercebido, mas não o Hale-Bopp, que brilhava cerca de 100 vezes mais que o famoso corpo celeste.
Como explica Yanga R. Fernández em ‘The Nucleus of Comet Hale-Bopp (C / 1995 O1): Size and Activity’, uma análise indicou, mais tarde, que o núcleo do cometa tinha 60 ± 20 quilômetros de diâmetro, aproximadamente seis vezes o tamanho do Halley.
Em maio de 1996, o Hale-Bopp se tornou aparente a olho nu. Naquela época, havia a expectativa que sua observação se tornasse ainda melhor durante o período do periélio — quando qualquer corpo celeste alcança sua maior proximidade com o Sol.
Entretanto, nos meses seguintes, ele mal pôde ser visto. Mas isso não significa que ele não seria observado de novo. O Hale-Bopp voltou a aparecer em janeiro de 1997.
Segundo o The New York Times, nesse período ele já era brilhante o suficiente para ser visto por qualquer pessoa que o procurasse, mesmo em grandes cidades com céus poluídos pela luz.
Como naquela época a internet já era um fenômeno em crescimento, segundo aponta o Scientific American, vários blogs passaram a acompanhar a trajetória do cometa, divulgando imagens de seu avistamento de diversas partes do globo. Não à toa, é considerado um dos mais amplamente observados do século 20.
Já em 1º de abril daquele ano, o Hale-Bopp, enfim, alcançou seu periélio, apresentando um show brilhante jamais visto antes. Ele podia ser visto, inclusive, nas horas mais claras. Como diz a InfoEscola, ele deixou de ser visto a olho nu em dezembro, após mais de 569 dias podendo ser observado sem a necessidade de quaisquer equipamentos especiais.
O Hale-Bopp deixou de ser observável com o uso de equipamentos em 2020. Porém, o cometa não sumirá para sempre, embora nenhum de nós viverá para vê-lo outra vez, já que, segundo o Swirs, ele só voltará por aqui daqui cerca de 2.390 anos.