Durante a votação, 232 deputados foram a favor do afastamento do presidente, enquanto outros 197 foram contra
Dias antes de deixar a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump recebeu uma notícia inesperada. Nesta quarta-feira, 13, ele se tornou o primeiro presidente da história do país com dois processos de impeachment aprovados na Câmara.
O mandato do republicano está acabando, mas isso não impediu que 232 deputados votassem a favor de seu afastamento do cargo. Destes, 10 políticos eram membros do mesmo partido de Trump. Outros 197 deputados votaram contra o impeachment.
Ainda que, da primeira vez, o presidente tenha sido declarado culpado por abuso de poder e obstrução ao Congresso, a história deste ano é diferente. Segundo as acusações, Trump foi considerado culpado por incitar a violência, atitude que acabou culminando na invasão do Capitólio, episódio que chocou o país no dia 6 de janeiro.
Pouco antes da decisão, na terça-feira, 12, Trump se manifestou pela primeira vez desde a invasão. Aos jornalistas, ele afirmou que o novo processo nada mais é do que a "continuação da maior caça às bruxas da história da política", como afirma desde 2019.
Agora, o pedido de afastamento do republicano será encaminhado ao Senado. Caso seja aprovado, será um acontecimento inédito na história da política do país. A situação, contudo, é bastante distinta, já que o republicano pode deixar o cargo antes mesmo que o pedido de impeachment chegue ao Senado.
A relação de Donald Trump com a polícia norte-americana, então, depende apenas dos senadores de ambos os partidos. Isso porque, nos Estados Unidos, um presidente só é afastado definitivamente depois que o processo é aprovado pelo Senado.
Saiba mais sobre o processo de Impeachment
Os sistemas jurídicos dos EUA e do Brasil são consideravelmente diferentes, mas ambos compartilham uma mesma matriz legal que produzem semelhanças: a república presidencialista. Assim, alguns institutos legais dos países são comparáveis.
Um desses artifícios é o processo de impeachment do presidente. Também conhecido como impedimento. No Brasil, esse recurso já derrubou dois presidentes brasileiros, Fernando Collor, que renunciou mas teve o proceso efetivado, e Dilma Rousseff.
A decisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos de ontem, 18, ainda não retira Donald Trump da presidência, o que aconteceria no caso brasileiro. Esse é apenas o primeiro passo para a confirmação do impeachment. Trump permanece no cargo até ser julgado pelo Senado, e só assim poderá ser afastado do poder, dependendo dos votos da Casa no qual contém a maioria dos representantes.
Nos Estados Unidos, são três os presidentes que tiveram seus processos de impeachment aprovados pela Câmara. Andrew Johnson e Bill Clinton tiveram seus mandatos questionados por meio da votação que, no entanto, não acabou com seus governos. Nas duas situações, o Senado não chegou a completar a cassação dos cargos. Em um quarto caso, Richard Nixon ainda renunciou antes que a Câmara pudesse votar seu processo de impeachment.
Impeachment no Brasil x EUA
No Brasil, crimes de responsabilidade e descumprimentos da lei orçamentária são passíveis de processo. O impeachment estadunidense ocorre em casos de “traição, suborno ou outros altos crimes e contravenções”.
As casas dos representantes nos dois países possuem papéis diferentes no processo de impeachment. Nos EUA, a Câmara possui poder de decisão em relação ao processo, ou seja, os votos dos deputados decidem apenas pela abertura do processo jurídico contra o governante, não o próprio impeachment.
É diferente do Brasil, onde qualquer pessoa pode protocolar um processo de impeachment, e a Câmara dos Deputados deve votá-lo como forma de declarar aceito ou negado o movimento. No caso de continuidade, eles são responsáveis por estabelecer uma Comissão Especial.
No caso dos EUA, essa parte não é obrigatória, visto que a Constituição do país não estabelece procedimentos formais para o impeachment.
Depois de aprovado
Aqui temos uma diferença essencial dos processos. No Brasil, ao ser aprovado na Câmara, o impeachment faz com que o presidente seja afastado temporariamente do cargo, como ocorreu com Dilma Rousseff. Isso acontece para que o dirigente foque na sua defesa na votação do Senado, que instaura uma investigação com fins judiciais.
Se dois terços dos senadores aprovarem a saída, existe a perda do cargo e cassação de direitos. Nos EUA, a Câmara não tem esse poder de decisão: o presidente se mantém no cargo até ser plenamente derrubado apenas com a votação no Senado.
Já na segunda Casa legislativa, tanto no Brasil quanto nos EUA, são necessários dois terços dos votos totais para o afastamento definitivo do presidente. Por ação dele, é declarada a posse do vice-presidente.
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