Em 1919, Benito Mussolini deu origem à ideologia, na Itália, acompanhado de um grupo de cem pessoas
Em A anatomia do fascismo (2004), o cientista político e historiador estadunidense Robert Paxton afirma que o fascismo “foi a grande inovação política do século 20”. De modo tardio, estabeleceu-se tempos depois da criação de correntes políticas como conservadorismo, socialismo e liberalismo, por exemplo.
Surgimento
Foi no ano de 1919 que o italiano Benito Mussolini cunhou o termo para “descrever o estado de ânimo do pequeno bando de ex-soldados nacionalistas e revolucionários sindicalistas pós-guerra que vinha reunindo ao seu redor”, segundo Paxton. Se formos dar uma data exata à criação do fascismo, ela seria no domingo 23 de março de 1919, quando um grupo de cem pessoas se reuniu em torno do “fascio” de Mussolini.
Ex-combatentes da Primeira Guerra Mundial, desempregados e jovens, em sua totalidade homens, além de sindicalistas pró-guerra e intectuais futuristas, se encontraram naquele dia para “declarar guerra ao socialismo em razão de este ter-se oposto ao nacionalismo”, como disse o próprio italiano em seu discurso.
Ele criaria o Grupo Italiano de Combatentes (FIC), que, mais tarde, se tornaria o Partido Nacional Fascista (PNF), organização política a qual estaria vinculado quando foi nomeado primeiro-ministro em 1922. Naquela época, o partido tinha apenas 35 dos mais de 500 membros do parlamento italiano, e por volta de 7% a 8% da população estava filiada ao FIC.
Portanto, o fascismo nasceu como uma ideologia de poucos, e cresceu ao longo da Segunda Guerra Mundial, seguindo até os dias de hoje, ainda que possivelmente diferente do que era em 1919. Para o antropólogo haitiano Michel-Rolph Trouillot, “o passado não existe independente do presente. O passado — ou mais especificamente, o que passou — é uma posição. Portanto, de nenhuma forma nós podemos identificar o passado como passado”.
Características
Segundo o sociólogo estadunidense Michael Mann em Fascistas (2004), são cinco as principais características da filosofia: nacionalismo, estatismo, transcendência, expurgos e paramilitarismo. A partir de apelos emocionais e antirracionais, pretende-se estabelecer uma “renovação” do vigor nacional, que geralmente está vinculado a uma identidade étnica.
Além disso, o anticomunismo também é uma faceta importante da ideologia. É fato que, durante o período em que o fascismo se estabeleceu, no entre guerras, o medo das elites econômicas e políticas de uma possível revolução fez com que eles entregassem os países nas mãos dos líderes.
Ele não é apenas a última alternativa ao qual o sistema capitalista corre quando está ameaçado, mas, observando a partir da história, isso aconteceu diversas vezes. Segundo o filósofo italiano Antonio Gramsci, o fascismo operou como uma tentativa de superação de uma crise, que ele considera como cíclica do capitalismo. Para ele, o regime funcionou “como uma nova forma de reorganização do sistema capitalista sob a lógica de um Estado de Exceção”.
“O fascismo é a fase preparatória da restauração do Estado, ou seja, de um recrudescimento da reação capitalista, de um endurecimento da luta capitalista contra as exigências mais vitais da classe proletária”, analisou Gramsci em 1920. Ou seja, tem como intuito manter a ordem.
Nem sempre o antissemitismo está intrínseco ao fascismo: a Itália somente passou a perseguir judeus após a associação com a Alemanha Nazista na Segunda Guerra, mas, ainda assim, escolhe um grupo — ou vários — para perseguir. O mais importante é que o pensamento defende a nação única, rejeitando o multiculturalismo e estabelecendo um ideal nacional a ser seguido.
Paxton define o fascismo como “uma forma de comportamento político marcado por uma preocupação obsessiva com o declínio, humilhação ou vitimização da comunidade e por cultos compensatórios à unidade, energia e pureza, nos quais um grupo de militantes nacionalistas comprometidos, trabalhando em colaboração incômoda, mas eficaz com as elites tradicionais, abandona as liberdades democráticas e persegue com violência redentora, sem restrições éticas ou legais, suas metas de limpeza interna e expansão externa”.
O fascismo comandou a Itália por 23 anos. Oficialmente, Partido Nacional Fascista (PNF) foi extinto em 1947, mas isso não fez com que a ideologia chegasse ao fim. É importante lembrar que o fascismo, mais do que um regime ou uma liderança política, pode se mostrar ainda nos dias de hoje a partir de ações que relembrem o que aconteceu no século 20. Ele não é apenas o que Mussolini fez no entre guerras, e pode se articular atualmente em diversos países.
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