Inúmeras pessoas negras viviam no território quando Hitler chegou ao poder
Quando Adolf Hitler se tornou chanceler da Alemanha, no ano de 1933, pessoas negras viviam no país. Eram famílias em sua grande maioria compostas por imigrantes das colônias africanas cujos filhos, nascidos alemães, ainda não tinham atingido a maioridade.
Havia ainda casais formados por mulheres alemãs e soldados das tropas coloniais francesas, em sua maioria de origem africana. Estima-se que havia entre 600 e 800 crianças nascidas desses relacionamentos em todo o país. A comunidade era, portanto, pequena e bastante recente.
Muitas dessas pessoas se associaram, na época, a organizações comunistas e antirracistas, uma vez que a discriminação estava em ascensão no país.
Conhecidas como "leis para a proteção do sangue e da honra alemãs", as leis raciais de Nuremberg de 1935 impediram os judeus alemães de se casarem ou terem relações sexuais com pessoas de "sangue alemão".
Poucos sabem, mas essas medidas também valiam para a comunidade negra, considerada de "sangue estrangeiro".
Dessa forma, ainda que tivessem nascido no território e fossem filhos de alemães, os negros não mais teriam direito à cidadania, sendo chamados de "negros apátridas". Isso os impossibilitou de encontrar um emprego formal.
Enquanto alguns passaram a trabalhar forçadamente, outros foram usados como figurantes e atores de filmes de propaganda nazista. Essas produções realizadas pelo governo tratavam, em sua grande maioria, sobre as colônias africanas perdidas pela Alemanha.
No ano de 1941, as crianças negras foram excluídas de todas as escolas públicas do país. No entanto, antes mesmo da existência de uma lei, havia forte discriminação nas instituições de ensino, de modo que muitas crianças foram forçadas a deixar as salas de aula.
Na mesma época, casais "mistos", como eram chamados no período, foram obrigados a se separar. Também foi posta em prática uma política de esterilização forçada.
Quando uma mulher branca ficava grávida de um homem negro, o parceiro era submetido ao procedimento, sem poder de escolha.
Mas engana-se que pensa que somente adultos foram vítimas. Em torno de 400 crianças negras que viviam na Renânia foram esterilizadas contra a vontade dos pais durante uma operação secreta realizada no ano de 1937.
Muitas pessoas negras fugiram da Alemanha por causa da barbárie. No entanto, segundo os historiadores, poucas (no máximo vinte) foram enviadas para campos de concentração. Somente um dos casos não se deu por motivos políticos ou pelo chamado “comportamento antissocial”.
O ano era 1944 quando Gert Schramm foi internado em Buchenwald aos 15 anos de idade apenas em razão da cor de sua pele.
Após o ocorrido, ele escreveu um livro relatando os horrores que passou no período, chamado "Ein schwarzer Deutscher erzählt sein Leben" ("Um alemão negro conta sobre sua vida"), que não possui tradução para o português.
*Com informações de: G1.