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Matérias / Cofre do fim do mundo

O curioso cofre do fim do mundo

Mais lidas do ano: Localizado no Ártico, a iniciativa é uma precaução caso a humanidade entre em colapso

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 19/06/2022, às 12h00 - Atualizado em 30/12/2022, às 14h10

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Svalbard Global Seed Vault, localizado na Noruega - Reprodução/YouTube/VICE Impact
Svalbard Global Seed Vault, localizado na Noruega - Reprodução/YouTube/VICE Impact

O Svalbard Global Seed Vault — também conhecido como 'Doomsday Vault' ('Cofre do Apocalipse', em tradução literal) — é um projeto financiado pelo governo da Noruega, pela Cop Trust — organização internacional sem fins lucrativos que preserva culturas a fim de proteger a segurança alimentar global — e pela Fundação Bill & Melinda Gates, instituição filantrópica fundada por Bill Gates e sua ex-esposa.

O projeto consiste em preservar, de certa forma, toda a história construída ao longo da civilização humana em caso de possível colapso da humanidade — como catástrofes climáticas, guerras nucleares ou uma pandemia que quase aniquile completamente os humanos —, e se encontra em um arquipélago isolado no Ártico, sendo assim o banco de amostras mais seguro do mundo.

Criado em 2008, o cofre contém informações dos Arquivos Nacionais do México e do Brasil, da Biblioteca do Vaticano, do Museu Nacional da Noruega, da Agência Espacial Europeia, mantém mais de um milhão de sementes armazenadas em um bunker —preservando espécies em risco de extinção —, entre outros dados.

Imagens de parte do acervo que compõe o Svalbard Global Seed Vault
Imagens de parte do acervo que compõe o Svalbard Global Seed Vault / Reprodução/YouTube/CNN

Em 2015, por exemplo, o banco de dados já se mostrou eficiente e funcional, quando contibuiu com a recomposição do banco genético de Aleppo, na Síria, após a devastação causada pela guerra civil no país, graças ao Artic World Archive, projeto interno que guarda informações sobre a história mundial.

Ajustes

Mesmo sendo extremamente protegido contra quaisquer adversidades naturais, o Cofre do Fim do Mundo é monitorado constantemente, e ocasionalmente pode passar por melhorias, como ocorrido em 2017, quando um ajuste térmico foi realizado para evitar que as condições climáticas da região pudessem comprometer o material de armazenamento, que é previsto que possa durar por até mil anos.

Entre fevereiro e junho deste ano, o cofre recebeu uma grande melhoria, acrescentando mais de 21 terabytes (o que equivale a 21 mil gigabytes), provenientes da plataforma de hospedagem de códigos-fonte GitHub, que transportou todos os seus arquivos repositórios de códigos-fonte para o Artic World Archive, em seção própria nomeada de Artic Code Vault ('Cofre de Códigos do Ártico', em português).

O objetivo da empresa com a ação seria proteger a qualquer custo "as memórias digitais mais insubstituíveis do mundo da arte, cultura e literatura", como informado pelo CanalTech.

Nossa missão é preservar o software de código aberto para as gerações futuras, armazenando seu código em um arquivo construído para durar mil anos", justificou Julia Metcalf, diretora de programas estratégicos do GitHub, no blog da empresa.

Os dados se encontram armazenados em 186 rolos de um filme digital de arquivo, que chegam a quase 1 quilômetro de extensão cada um, cujo nome do material é piqlFilm, elaborado especialmente com material resistente para durar ao menos 500 anos — mas que simulações sugerem até o dobro do tempo — e armazenados em recipientes com paredes de aço, em câmara selada.

Imagem ilustrativa de armazenamento digital de dados em vídeo da GitHub
Imagem ilustrativa de armazenamento digital de dados em vídeo da GitHub / Reprodução/YouTube/GitHub

De acordo com a empresa de preservação digital Piql, "ele suporta uma exposição eletromagnética extrema e passou por extensos testes de longevidade e acessibilidade."

Além dos rolos de arquivos digitais, o cofre também conterá um rolo legível por humanos, chamado Tech Tree ('Árvore Tecnológica', em tradução livre), com explicações sobre a história técnica do arquivo e contexto de criação do conteúdo. A ideia é que ele auxilie possíveis humanos restantes de um futuro pós-apocalíptico a operar a tecnologia do processo.

Também incluirá trabalhos que explicam as várias camadas de fundações técnicas que tornam possível o software: microprocessadores, redes, eletrônica, semicondutores e até tecnologias pré-industriais", complementa Julia Metcalf. "Isso permitirá que os herdeiros do arquivo compreendam melhor o mundo de hoje e suas tecnologias, e pode até ajudá-los a recriar computadores para usar o software arquivado."