Polícia Militar de São Paulo, Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) cometeu diversas atrocidades entre as décadas de 1970 e 1990
Victória Gearini/ Atualizado por Fabio Previdelli Publicado em 25/01/2021, às 10h00 - Atualizado em 16/09/2022, às 11h37
No próximo dia 22 de setembro está prevista para estrear a série ‘Rota 66: A Polícia que Mata’, na plataforma de streaming Globoplay. A narrativa será baseada na obra homônima do jornalista Caco Barcellos sobre as ações brutais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), Polícia Militar de São Paulo, entre as décadas de 1970 e 1990.
Por conta da obra, que narra a perseguição a vida de inocentes — principalmente jovens negros moradores da periferia paulista —, Barcellos foi o vencedor do Prêmio Jabuti em 1993. Apresentador do Profissão Repórter (TV Globo), Caco Barcellos é uma das referências do jornalismo investigativo brasileiro. Saiba mais sobre as ações truculentas da ROTA!
Conhecida como o esquadrão da morte, a Rota 66 foi responsável pelo extermínio de diversas pessoas em São Paulo, durante a década de 1970. Temidos e cruéis, autoridades abusavam de seu poder e não se importavam em apurar as ocorrências, como aconteceu nos Jardins, em 1975.
A Rota 66 foi criada com principal objetivo de combater a oposição no período da Ditadura Militar. Com o tempo, foi se aperfeiçoando e ganhou o apelido de 'esquadrão da morte', devido aos inúmeros relatos de atrocidades cometidas pelos policiais.
Anos mais tarde, a Rota 66 passou a perseguir pessoas que já tivessem cometidos pequenos delitos e começaram a utilizar, ainda, técnicas de torturas similares às que foram aplicadas em presos políticos.
Estima-se que mais de 269 pessoas foram executadas, sendo que 144 foram declaradas oficialmente mortas; e 125 estão desaparecidas até hoje. Dentre as vítimas fatais, estão os três jovens de classe média: Francisco Nogueira Noronha (Chico), de 14 anos, José Augusto Diniz Junqueira (Gugu), de 19 anos e Carlos Ignácio Rodrigues Medeiros (Pancho), de 22 anos.
Na madrugada do dia 23 de abril de 1975, os rapazes foram surpreendidos pela equipe 13 da Rota que patrulhava os Jardins. Segundo as autoridades, os jovens estavam tentando furtar um toca disco, mas ao perceberem a movimentação estranha, entraram no carro e fugiram. Embora tenham conseguido despistar os policiais, encontraram um obstáculo maior: a Rota 66.
Desarmados, os jovens foram brutalmente assassinados pelo esquadrão da morte, que metralhou o carro no qual Chico, Gugu e Pancho se encontravam. Ao perceber terem os confundido com bandidos perigosos, os policiais da Rota implantaram drogas e armas de fogo no veículo dos garotos.
Embora as evidências fossem claras e apontassem contra os policiais, em 24 de junho de 1981, eles foram absolvidos. Em 2004, Erasmo Dias, ex-secretário da Segurança Pública, gravou uma confissão afirmando que havia acobertado o crime. Erasmo pediu, ainda, que o áudio só fosse divulgado após sua morte, que aconteceria somente em 2010.