Lançada pela primeira vez em 1945, foi a maior que o mundo já vira (ou veria) — e a mais poderosa arma não nuclear até 2017
Com 8 metros de comprimento e pesando 10 mil quilos, a Grand Slam era uma carga maior que duas bombas atômicas Fat Man — a de Nagasaki, maior que a de Hiroshima, com 4.670 kg. De longe, foi a maior bomba usada na Segunda Guerra. Suas dimensões não seriam superadas por qualquer bomba usada em combate (armas nucleares maiores foram feitas e felizmente nunca usadas). Seu poder de fogo, entre as não nucleares, só seria batido em 2017, com a estreia da MOAB no Afeganistão. Só podia ser carregada pelo Avro Lancaster, o maior bombardeiro britânico, modificado para que coubesse em sua fuselagem.
Em 14 de março de 1945, ia aos ares o viaduto de Schildesche, em Bielefeld, Alemanha. Era um alvo modesto. A Grand Slam foi projetada como uma bomba-terremoto. Era pesada e longa de propósito: sua função era penetrar a até 40 metros de solo ou 6 metros concreto para explodir profundamente. Em queda, chegava a uma velocidade de 1.150 km/h. A silhueta aerodinâmica facilitava a aceleração e a estrutura ultra-reforçada garantia que não fosse espatifada no impacto. Após nove segundos, explodia, causando um sismo localizado que criava grandes crateras e minava as bases das construções.
A precursora
A história da Grand Slam começa em 1941, quando o engenheiro Barnes Wallis começou a desenvolver a bomba Tallboy — versão menor (mas não muito) da bomba de terremoto. Foi usada pela primeira vez em 8 de junho de 1944. Ela pesava 5,4 mil quilos e tinha cerca de seis metros de comprimento. Era capaz de criar crateras de 24 metros de profundidade na terra e de quatro metros de profundidade no concreto.
Bombas Tallboy foram usadas com sucesso contra fábricas e bunkers construídos para o lançamento de mísseis V-1 e V-2. No Dia D, 6 de julho de 1944, canhões V-3, os mais poderosos de todos os tempos, foram destruídos por bombas Tallboy em Pas-de-Caais, na França. Eles seriam utilizados para bombardear Londres, mas foram inutilizados antes de fazer qualquer disparo. Outra vítima das Talllboy foi o encouraçado alemão Tirpitz, atingido e afundado por três bombas em 12 de novembro de 1944.
Mas Barnes Wallis queria uma bomba ainda mais poderosa. Uma capaz de perfurar o bunker do próprio Hitler. Em 1943, antes mesmo da Tallboy entrar em ação pela primeira vez, o inventor já planejava uma versão maior. A Grand Slam ficou pronta em 1945 e foi testada só uma vez, em 13 de março, quando foi lançada em New Forest, Inglaterra. Ela voou a 4 mil metros de altura sobre o Rio Avon antes de aterrissar no solo e abrir uma cratera de 21 metros de profundidade e 40 metros de diâmetro.
No dia seguinte, em 14 de março, a Grand Slam foi utilizada pela primeira vez, no já citado ataque ao viaduto de Schildesche. Mais seriam lançadas em conjunto com as Tallboy para destruir outros oito importantes alvos alemães. Entre 15 de março e 19 de abril de 1945, Grand Slam atingiram viadutos nas cidades de Nienburg, Arnsberg e Bremen, a base militar submarina Valentin, em Farge, e abrigos para submarinos.
Na última hora
Diferente das Tallboy, as colossais Grand Slam chegaram tarde demais para terem importância estratégica. No final, os soviéticos tomaram Berlim e Hitler se matou em seu bunker, nenhuma bomba necessária. Mas ajudaram a abalar o moral dos alemães e a consagrar a vitória dos Aliados.
Das 100 bombas Grand Slam produzidas, 42 foram lançadas. Hoje, cinco delas estão em exibição: no Royal Air Force Museum, em Londres; Brooklands Museum, em Surrey; Dumfries and Galloway Aviation Museum, em Dumfries, Escócia; Battle of Britain Memorial Flight Visitor Centre, em Lincolnshire; e Kelham Island Museum, em Sheffield.