Diferente de outros membros de sua família, o bisneto do czar Nicolau I teve um destino insólito
Bisneto do czar Nicolau I, o príncipe Gabriel Constantinovich nasceu na Rússia Imperial e viu boa parte da sua família ser morta durante a Revolução Russa ocorrida em 1917. Gabriel, por sua vez, conseguiu escapar do fuzilamento, sendo exilado na França.
Nascido no dia 15 de julho de 1887, foi o segundo filho do grão-duque Konstantin Konstantinovich da Rússia com a grã-duquesa Elizabeth Mavrikievna da Rússia. Antes da Revolução Russa, Gabriel viveu regado pelo luxo imperial e teve uma das melhores educações de todo o reino. No entanto, assim como seu pai, seguiu a carreira militar.
Em agosto de 1911, durante um baile, Gabriel com 24 anos, conheceu a dançarina Antonina Rafailovna Nesterovskaya, na época com 21 anos. Logo os jovens se apaixonaram um pelo outro e em janeiro de 1912 tornaram-se amantes. O nobre estava completamente encantado por Antonina, mas a tradição Romanov não permitia qualquer união morganática.
O romance foi abruptamente interrompido, quando no início da Primeira Guerra Mundial, Gabriel e quatro de seus irmãos foram enviados para o conflito. Já em 1916, a imperatriz Alexandra Feodorovna, comovida com a relação entre os dois jovens amantes, decidiu ajudá-los a se casar.
Após a queda do Império Russo, Gabriel decidiu desobedecer as ordens de sua mãe e no dia 9 de abril de 1917, casou-se em segredo com Antonina em uma pequena igreja local. Em um primeiro momento, a família de Gabriel repudiou a união, assim que descobriu sobre o casamento, no entanto, com o passar do tempo aceitaram a escolha do jovem.
Após o golpe bolchevique, os veículos jornalísticos publicaram um decreto do novo governo, convocando todos os homens da família Romanov a comparecerem à Cheka — a polícia secreta russa. Em março de 1918 boa parte dos herdeiros que sobreviveram foram enviados para o exílio russo ou presos.
Gabriel, por sua vez, sofria de tuberculose e em vez de prendê-lo, os bolcheviques permitiram que o Romanov ficasse ao lado de sua esposa, em Petrogrado. Após se recuperar da doença, ele foi enviado à prisão de Shpalernaya, onde ficou em uma uma cela ao lado de seu tio Dimitri Konstantinovich, do Grão-Duque Nicholas Mikhailovich e George Mikhailovich.
Durante a prisão do amado, Antonina lutou firmemente para libertá-lo, até que no final de 1918, Gabriel foi transferido à um hospital. Posteriormente, o casal fugiu às pressas da Rússia e seguiram em direção à França. Poucos meses depois, todos seus parentes que havia reencontrado na prisão foram fuzilados.
Na França, o casal se estabeleceu em Paris, junto com outros membros da nobreza russa. Mesmo no exílio, não perderam os gostos pelos luxuosos bailes e tradições russas. No entanto, em 1924, Gabriel e Antonina passaram por grandes dificuldades financeiras, até que a jovem abriu uma escola de balé, que mais tarde se tornou da alta classe. Entretanto, por conta da Grande Depressão, Antonina teve que fechar a sua escola, em 1936.
Ao longo da sua vida no exílio, Gabriel manteve contato com seus parentes Romanov e reconheceu o grão-duque Kirill Vladimirovich da Rússia como líder da Casa Imperial. Durante o período da Segunda Guerra Mundial, o homem continuou morando em Paris ao lado de Antonina, até a sua morte em 7 de março de 1950, aos 60 anos.
Após a morte da amada, Constantinovich casou-se novamente, desta vez com Irina Ivanovna Kurakina — princesa russa que foi exilada e criada pelo Grão-Duque Vladimir Kirillovich. Gabriel veio a falecer em 28 de fevereiro de 1955, em Paris, aos 67 anos. Sem filhos, o herdeiro Romanov foi enterrado no cemitério russo de Sainte-Geneviève-des-Bois.