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Matérias / Brasil

Onde fica a casa da mãe Joana?

A sentença é usada hoje para indicar um lugar bagunçado, mas em sua origem indicava algo ainda pior

Mariana Ribas Publicado em 13/12/2019, às 07h00 - Atualizado em 30/09/2022, às 19h00

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Imagem representando cabeceira de uma cama - Getty Images
Imagem representando cabeceira de uma cama - Getty Images

O termo que hoje exprime um lugar sem regras, onde todo mundo manda e faz o que bem entende, vem de um bordel de Avignon, na França do século 14. A mãe em questão, Joana, foi rainha de Nápoles e uma das protagonistas de uma trama que começou quando o rei francês Felipe IV, o Belo, resolveu comprar uma briga feia: cobrar impostos sobre os bens da Igreja.

A discussão foi tão séria que, em 1303, o papa Bonifácio VIII excomungou Felipe, que, em represália, mandou que um de seus legistas invadisse a Itália e prendesse o papa.

Bonifácio VIII morreu na prisão e foi sucedido por Bento IX. Logo, logo, em 1305, assumia um novo papa, Clemente V, que transferiu a sede do papado de Roma para a cidade provençal de Avignon.

De 1309 a 1378, Avignon foi residência de sete papas, mas, no início, pertencia à napolitana Joana I. Linda, inteligente e moderna para sua época, patrocinava artistas e intelectuais.

Acusada de participar do assassinato do marido, Andrew, teve de fugir da vingança do cunhado, Luís I, rei da Hungria, que invadiu Nápoles em 1348, refugiando-se em Avignon.

Joana, a rainha de Nápoles / Crédito: Wikimedia Commons

Naquele ano, Joana vendeu a cidade a Clemente V, com a condição de ser declarada inocente de sua participação na morte do ex-marido. Mas, antes disso, enquanto ainda mandava e desmandava em Avignon, ficou conhecida por apoiar (e regulamentar) os bordéis da cidade, protegendo as pessoas que viviam do negócio.

Uma das suas medidas foi estabelecer que todo bordel deveria ter uma porta por onde todos entrariam. Assim, cada prostíbulo ficou conhecido como o “paço da mãe (a dona da cidade) Joana”, com o sentido afetivo de uma casa que está aberta para qualquer um entrar.

De acordo com Reinaldo Pimenta, autor do livro A Casa da Mãe Joana - Curiosidades nas Origens das Palavras, Frases e Marcas (editora Campus), a expressão viajou até Portugal e veio para o Brasil, onde a palavra “paço”, de pouco uso popular, foi logo substituída por “casa”.

Em 1382, Joana foi assassinada por seu sobrinho e herdeiro, Carlos de Anjou, mas seus feitos na cidade francesa continuaram na boca do povo, sempre associando-os com a proteção dos prostíbulos. Até mesmo depois de Avignon se tornar um manto de religiosidade.


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