O pequeno animal, que viveu por apenas 2 meses antes de acabar congelado no permafrost da Sibéria, surpreendeu cientistas
Em 2018, uma equipe de cientistas da Sibéria fez um achado incrível em meio ao permafrost (um tipo de solo que fica congelado o ano todo) das margens do rio Indigirka, na cidade mais fria do mundo.
Lá, eles encontraram os restos mortais incrivelmente bem preservados de um filhote de 18 mil anos que foi batizado de "Dogor" (uma palavra que significa "amigo" na língua iacuta, falada na região siberiana).
O animal, que viveu por apenas dois meses antes de falecer por causas desconhecidas, estava tão conservado que ainda tinha a pelagem, os bigodes e cílios praticamente intactos.
Na época, a raça de Dogor compreendia um mistério: ele poderia ser um lobo ou então um cachorro da Era do Gelo (neste caso, ele seria parte dos primeiros cães a surgirem). A dúvida sobre a espécie dele, aliás, prosseguiu mesmo quando os pesquisadores submeteram amostras de seus restos mortais a análises de DNA em laboratório.
A dúvida apenas foi sanada após um estudo de grande escala publicado na revista Nature em junho de 2022. A iniciativa científica sequenciou os genomas de nada menos que 72 lobos que viveram na Europa, América do Norte e Sibéria através dos últimos 100 mil anos.
O objetivo era entender como os genes desses animais mudaram ao longo das eras, e como a domesticação dos cães pelos humanos influenciou nisso, segundo repercutiu o Live Science.
Afinal, os cachorros (de nome científico "Canis lupus familiaris") descenderam dos lobos (os "Canis lupus"), porém é difícil entender em que ponto da evolução isso ocorreu apenas analisando o material genético dos espécimes modernos.
Sabemos que os cães foram os primeiros animais a serem domesticados na era glacial. Não sabemos em que parte do mundo isso aconteceu. Não sabemos que grupo humano estava envolvido e não sabemos se aconteceu uma ou várias vezes", apontou o pesquisador Anders Bergström a respeito das dúvidas que ainda existem neste campo de estudo, também de acordo com o portal.
Entre as amostras, estavam 66 que nunca tiveram o DNA sequenciado antes, incluindo a de Dogor, que foi então confirmado como um filhote de lobo. Ele não tinha, aliás, muita relação com os primeiros cães, diferente do que antes pensado.
Outra conclusão importante da pesquisa de 2022 é que os cachorros contemporâneos são mais próximos dos antigos lobos que viveram na porção oriental da Eurásia que são das populações da espécie que vagaram pela parte ocidental.
Isto sugere-nos que provavelmente a domesticação aconteceu algures no Oriente, algures na Ásia, e provavelmente não na Europa. No entanto, a Ásia é, obviamente, muito grande; não podemos definir com mais precisão onde isso aconteceu", apontou Bergström ainda.