O episódio retratado pela produção marcou um momento de violência e indignação na história dos Estados Unidos
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 01/10/2020, às 18h35 - Atualizado em 18/02/2022, às 09h00
Disponível no catálogo da Netflix, Os 7 de Chicago, tem como plano de fundo a Guerra do Vietnã, um confronto sangrento que marcou a história dos países envolvidos, Estados Unidos incluso.
O país interferiu de forma direta no conflito, enviando diversos batalhões de soldados em apoio ao Vietnã do Sul, que lutava contra os Viet Congs, a guerrilha armada comunista do Vietnã do Norte.
Era uma guerra que definiria o futuro do Vietnã, e o governo norte-americano queria que esse futuro não fosse comunista. O preço disso, contudo, foi custoso não apenas no sentido financeiro, mas também em relação às vidas perdidas e à própria moral do governo. Isso porque, no fim, os Viet Congs ganharam. Assim, ocorreu a unificação do Vietnã e sua conversão ao socialismo.
O episódio dos 7 de Chicago ocorreu em meio aos protestos do ano de 1968, contra a guerra que havia começado em 1955. Embora os Estados Unidos não tivessem participado desde o início, já enviavam seus soldados para lá fazia anos, e certas porções da população já estavam fartas do conflito. Elas queriam paz.
Entre esses, se destacam os famosos hippies e seu movimento da contracultura, que pregava o pacifismo e o antimilitarismo, em confronto direto com as ideias do governo norte-americano, na época liderado pelo presidente Richard Nixon.
O resultado disso foram inúmeras manifestações e tentativas de manifestações, em gerais marcadas pela violência policial, que tentava conter e desencorajar os grupos anti guerra, sem realmente ter sucesso. Dos muitos manifestantes detidos, sete deles foram levados a julgamento, acusados de terem tentado incitar uma revolta.
O principal dos protestos contra a continuação da Guerra do Vietnã foi o comício do Grant Park em 28 de agosto de 1968. Após o ato, os grupos anti guerra começaram uma marcha em direção ao International Amphitheatre, uma arena coberta de Chicago.
Muito antes de terem alcançado esse destino, todavia, foram parados por policiais, que passaram a usar gás lacrimogêneo, spray de pimenta e enfrentamentos físicos com cassetetes, na tentativa de fazer os protestantes recuarem. Já a coluna dos manifestantes respondeu à brutalidade policial atirando pedras e garrafas, além de causarem danos a propriedades privadas.
O caos desses confrontos foi tamanho que as imagens do embate foram ao ar nas redes televisão cortando o horário dos discursos dos candidatos que indicariam os candidatos à presidência do país.
Esses episódios de violência acabaram se repetindo por mais cinco dias e cinco noites, durante os quais centenas de policiais e manifestantes ficaram feridos, e muitos dos que engajaram nos atos contra a Guerra do Vietnã acabaram sendo detidos. 8 destes foram indicados pelo júri federal para serem julgados, número que depois caiu para 7.
Eram esses: Abbie Hoffman, Jerry Rubin, David Dellinger, Tom Hayden, Rennie Davis, John Froines e Lee Weiner. Os dois primeiros se tornaram os protagonistas no filme da Netflix, sendo encarnados respectivamente por Sacha Baron Cohen e Jeremy Strong.
O julgamento dos 7 de Chicago, que contou com cerca de 30 seções, e ouviu mais de 200 testemunhas, foi acompanhado de perto pelos Estados Unidos. As acusações contra os 7 eram de que eles haviam conspirado para provocar uma revolta, obstruído os deveres legais dos policiais e ensinado pessoas a fabricarem dispositivos incendiários.
Alguns dos sete foram absolvidos já após o julgamento, contudo as condenações também não foram muito adiante. Todos os que foram condenados recorreram com apelações, e conseguiram suas penas revertidas.