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Tubarões fêmeas geram filhotes sem contato com machos, na Itália

Estudo recente descreve fenômeno de partenogênese facultativa, registrado pela primeira vez em fêmeas de cação-liso, na Itália

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 07/08/2024, às 13h24

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Fotografia de um cação-liso (Mustelus mustelus) - Foto por Sergio Pérez González pelo Wikimedia Commons
Fotografia de um cação-liso (Mustelus mustelus) - Foto por Sergio Pérez González pelo Wikimedia Commons

No vasto reino animal, é possível encontrar espécies com as mais variadas peculiaridades, desde formatos, tamanhos, habitats em que podem ser encontrados e, até mesmo, na forma com se reproduzem.

Geralmente, quando falamos em reprodução, pensamos diretamente na reprodução sexuada — mas duas fêmeas de cação-liso (Mustelus mustelus) agora desafiam a biologia ao mostrar que podem realizar um processo até então inédito.

Há aproximadamente 14 anos longe de machos da espécie, duas fêmeas de cação-liso mantidas em cativeiro no Aquário Cala Gonone, na ilha de Sardenha, próxima à Itália, se mostraram capazes de gerar filhotes de forma independente, a partir de um processo chamado "partenogênese facultativa". Em artigo publicado no fim de julho na Scientific Reports, pesquisadores descrevem pela primeira vez esse fenômeno na espécie.

Segundo pesquisadores do Instituto Zooprofilático Experimental de Piemonte, na Itália — responsáveis pela descoberta —, o fato de as fêmeas de cação-liso conseguirem se reproduzir assexuadamente pode se tratar de uma estratégia evolutiva de um mecanismo de sobrevivência. Vale mencionar que estes animais estão na lista de risco da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) desde 2004, e foram avaliados como "em perigo de extinção" mais recentemente, em 2020.

Porém, uma possível chave para a solução do risco de extinção seria o comportamento reprodutivo assexuado notado em duas fêmeas do aquário. O fenômeno foi notado pela primeira vez em 2016, depois que o primeiro filhote desse tipo nasceu; após isso, ainda houve proles em 2020, 2021 e 2023.

No entanto, praticamente todos estes filhotes de cação-liso faleceram, exceto pelo de 2021. Conforme repercutido pela Revista Galileu, eles foram encontrados com marcas de mordidas em seus corpos, sendo esta a provável causa da morte.

Ainda assim, foi possível realizar exames de análise genética nos filhotes, e foi então que os cientistas puderam concluir que as proles tinham, como já se suspeitava, genes idênticos aos de suas mães, o que confirma que ocorreu, de fato, a reprodução partenogenética.

Mecanismo de sobrevivência

De maneira geral, a partenogênese facultativa é um fenômeno incomum em animais vertebrados, mas ainda assim já foi observado em diferentes espécies de répteis, anfíbios e outros peixes. Inclusive, vale o destaque para outras espécies de tubarão conhecidas que já o fizeram, como o tubarão-bambu-de-mancha-branca (Chiloscyllium plagiosum), o tubarão-zebra (Stegostoma tigrinum) e o tubarão swell (Cephaloscyllium ventriosum).

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Com a descoberta na nova espécie, os pesquisadores apontam que o processo de reprodução assexuada pode ser facultativo entre os cação-liso, que também podem se reproduzir de forma sexual. Porém, a partenogênese se mostra como um possível mecanismo de sobrevivência, que faria diferença em populações selvagens destes animais, com número decrescente de machos.

"Essas descobertas aumentam muito nossa compreensão das estratégias reprodutivas dos tubarões e podem informar os esforços de conservação de espécies ameaçadas de extinção", pontuam, por fim, os pesquisadores no artigo.