Queima de instrumentos ocorreu no último sábado, 29, na província afegã de Herat
O grupo fundamentalista Talibã — que atualmente se encontra no poder no Afeganistão — queimou uma série de instrumentos musicais no último sábado, 29, alegando que a música causa "corrupção moral". A fogueira, que destruiu milhares de dólares em instrumentos, foi montada na província ocidental de Herat.
Desde que retomou o poder em 2021, o grupo tem imposto inúmeras restrições aos afegãos, o que inclui a proibição de tocar música em público.
Essas ações, no entanto, têm sido amplamente condenadas por líderes culturais e músicos afegãos. É o caso de Ahmad Sarmast, fundador do Instituto Nacional de Música do Afeganistão, que comparou o posicionamento dos líderes políticos a "genocídio cultural e vandalismo musical".
“Ao povo do Afeganistão foi negada a liberdade artística. A queima de instrumentos musicais em Herat é apenas um pequeno exemplo do genocídio cultural que está ocorrendo no Afeganistão sob a liderança do Talibã”, disse Sarmast, que hoje vive em Portugal, à BBC.
Vale destacar que, entre os itens incendiados, estavam uma guitarra e uma tabla, que é uma espécie de bateria, além de amplificadores e alto-falantes. Como mencionou o portal Veja, muitos desses instrumentos foram apreendidos em locais de casamentos na cidade.
Um funcionário do Ministério do Vício e da Virtude do Talibã afirmou à BBC que a música pode desviar os jovens. Além disso, em 19 de julho, uma outra fogueira de instrumentos foi organizada pelo Talibã, e fotos do incêndio foram postadas no Twitter pelo governo, embora não tenha sido especificado em qual parte do país ocorreu esse ato.