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Notícias / Saúde

Sucesso inédito: australiano sobrevive por 100 dias com coração artificial

Coração artificial se mostrou sucesso na Austrália ao manter homem vivo por mais de 100 dias, antes de receber transplante de doador

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 12/03/2025, às 12h00

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Coração artificial BiVACOR - Divulgação/BiVACOR/Claire Usmar
Coração artificial BiVACOR - Divulgação/BiVACOR/Claire Usmar

Recentemente, um homem australiano com insuficiência cardíaca conquistou um feito inédito, ao ser a primeira pessoa no mundo a sair de um hospital com um implante cardíaco artificial. Descrito como um "sucesso clínico absoluto", o homem passou mais de 100 dias com um coração artificial, antes de finalmente receber um transplante de um doador no início de março.

Conforme repercute o The Guardian, o coração artificial BiVACOR foi inventado pelo Dr. Daniel Timms, e é a primeira bomba de sangue rotativa implantável no mundo capaz de substituir completamente um coração humano.

O implante, que ainda está em estágios iniciais de estudo clínico, foi projetado para pacientes com insuficiência cardíaca biventricular em estágio terminal, que se desenvolve após outras condições danificarem ou enfraquecerem o coração, tornando-o ineficiente no bombeamento de sangue pelo corpo.

Segundo um comunicado do governo australiano — que forneceu US$ 50 milhões para o desenvolvimento e comercialização do dispositivo BiVACOR, como parte do programa Artificial Heart Frontiers —, todos os anos, mais de 23 milhões de pessoas pelo mundo sofrem com insuficiência cardíaca, mas somente cerca de 6 mil recebem um coração de doador.

Por isso, o implante BiVACOR foi projetado como uma ponte para que os pacientes pudessem permanecer vivos, até que um transplante de um doador ficasse disponível. O paciente que foi um sucesso recente, um residente de Nova Gales do Sul na faixa dos 40 anos, se ofereceu para ser o primeiro receptor do dispositivo na Austrália, e o sexto no mundo.

Os cinco transplantes anteriores ocorreram todos no ano passado, nos Estados Unidos. Porém, o paciente que passou mais tempo com o coração artificial, aguardando transplante de um doador, passou somente 27 dias em espera.

Sucesso clínico

O paciente australiano, que não quis ser identificado, recebeu o dispositivo no dia 22 de novembro no hospital St Vincent, em Sydney. Após meses com o coração artificial, recebeu alta do hospital ainda com o implante em fevereiro, e, no início deste mês de março, um coração doador finalmente ficou disponível.

O cirurgião cardiotorácico e de transplante Paul Jansz, que liderou o procedimento e acompanhou o paciente, disse ao Guardian que foi um privilégio participar de um marco médico histórico e pioneiro na Austrália: "Trabalhamos para chegar a esse momento durante anos e estamos extremamente orgulhosos de termos sido a primeira equipe na Austrália a realizar esse procedimento".

Chris Hayward, professor e cardiologista do St. Vincent's, que liderou a observação do homem após semanas na unidade de terapia intensiva, acrescentou ainda que o coração BiVACOR transformaria o tratamento de insuficiência cardíaca em todo o mundo, com o tempo.

O BiVACOR Total Artificial Heart inaugura um jogo de bola totalmente novo para transplantes de coração, tanto na Austrália quanto internacionalmente. Na próxima década, veremos o coração artificial se tornando a alternativa para pacientes que não podem esperar por um coração de doador ou quando um coração de doador simplesmente não está disponível", afirma ao veículo britânico.

Já o professor David Colquhoun, da Universidade de Queensland e membro do conselho da Heart Foundation, que não esteve envolvido no caso, complementou que o sucesso do caso foi um "grande passo tecnológico para corações artificiais – corações de ponte – antes do transplante".

Porém, ele ainda alerta que há "um longo caminho a percorrer" antes que o coração artificial seja considerado, de fato, um substituto para um transplante de coração. Isso porque, embora o tempo de funcionamento do BiVACOR tenha surpreendido com a nova marca de mais de 100 dias, isso ainda é significativamente menos tempo que um coração de doador, que pode seguir funcionando normalmente por mais de 10 anos.

Por fim, vale destacar que esse implante é apenas o primeiro de uma série de procedimentos planejados pelo programa Artificial Heart Frontiers, da Austrália, liderado pela Universidade Monash. Atualmente, estão sendo desenvolvidos três dispositivos principais para tratar das formas mais comuns de insuficiência cardíaca.