Arctic Ice já vendeu cerca de 20 toneladas métricas do produto, considerado "o gelo mais puro do mundo" e vem causando polêmica
Sediada em Nuuk, capital da Groenlândia, a startup Arctic Ice está retirando gelo de 100 mil anos das geleiras do Ártico e o exportando para bares luxuosos em Dubai — que ficam separados por mais de 7.600 quilômetros.
Segundo a empresa, o gelo comercializado foi comprimido ao longo de milhares de anos. Por esse motivo, ele não possui bolhas e tampouco derrete com facilidade; o que garante que as luxuosas bebidas não sejam diluídas com rapidez.
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Em seu site, a empresa chama seu produto de "o gelo mais puro do mundo, primorosamente extraído das geleiras imaculadas da Groenlândia".
O gelo do Ártico é proveniente diretamente das geleiras naturais do Ártico, que estão congeladas há mais de 100.000 anos", aponta a Arctic Ice. "Essas partes das camadas de gelo não estiveram em contato com nenhum solo ou contaminadas por poluentes produzidos por atividades humanas".
Ao The Guardian, o cofundador da Arctic Ice, Malik V Rasmussen, revelou que a proposta da empresa surgiu para encontrar uma nova fonte de receita para a Groenlândia — que ainda faz parte do Reino da Dinamarca.
"Na Groenlândia, ganhamos todo o nosso dinheiro com o peixe e com o turismo", explicou. "Há muito tempo que queria encontrar outra coisa com a qual pudéssemos lucrar".
Para isso, eles utilizam um barco com um guindaste acoplado, que retira o gelo luxuoso de Nuup Kangerlua, o fiorde ao redor da capital Nuuk. A equipe, porém, procura um gelo específico, que não teve contato nem com o fundo e nem com o topo da geleira — tornando-o mais puro, mas também mais difícil de detectar na água.
O The Guardian ainda explicou que o gelo, então, é colocado em caixas enormes de plástico e levados para a capital, onde são guardados em contêineres refrigerados e transportados para a Dinamarca. De lá, são levados de navio para Dubai.
Até o momento, a Arctic Ice já despachou cerca de 20 toneladas métricas de gelo, mas já vem recebendo críticas por transformar em mercadoria um produto cada vez mais escasso do mundo natural.
Vale ressaltar que na Groenlândia o uso de gelo glacial é comum, mas a exportação do produto para o mundo com fins lucrativos é algo inédito. Sobre o assunto, Rasmussen se resumiu a dizer que o transporte do gelo entre os países é feito com baixa emissão de carbono — utilizando contêineres refrigerados que muitas vezes estão vazios, visto que o país importa mais produtos congelados do que exporta.
"Ajudar a Groenlândia em sua transição verde é na verdade o que acredito que fui trazido a este mundo para fazer", disse. "Temos essa agenda em execução em toda a empresa, mas talvez ainda não a tenhamos comunicado suficientemente bem".