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Notícias / Naufrágio

'Santo Graal dos naufrágios' pode começar a ser retirado do fundo do mar em abril

Afundado em 1708, galeão San José só teve paradeiro descoberto em 2015; desde então, disputa por tesouro avaliado em 20 bilhões gera disputa judicial

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 18/03/2024, às 10h45 - Atualizado em 20/03/2024, às 19h07

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Pintura que retrata a explosão do galeão San José - Licença Creative Commons via Wikimedia Commons
Pintura que retrata a explosão do galeão San José - Licença Creative Commons via Wikimedia Commons

Embora a marinha da Colômbia tenha descoberto o local de naufrágio do galeão espanhol San José em 2015, sua localização permanece um segredo de Estado. Isso pois sua carga preciosa está estimada em até 17 bilhões de dólares (cerca de R$84 bilhões)

Assim, ele ganhou o apelido de 'Santo Graal dos naufrágios' e tem gerado uma série de disputas jurídicas internacionais entre a Colômbia, Espanha, grupos indígenas bolivianos e uma empresa de salvamento dos EUA, que reivindicam os destroços — assim como o tesouro de ouro, prata e esmeraldas a bordo da embarcação. 

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Conforme o The Guardian, a Colômbia até que tentou leiloar uma parte dos artefatos para financiar os custos de sua recuperação, entretanto, a Unesco e tribunais superiores interferiram.

Apesar disso, oito anos depois da descoberta da localização do San José, as autoridades do país dizem que estão prontas para começar a retirar o tesouro do 'Santo Graal dos naufrágios' já em abril. 

"Há uma visão persistente do galeão como um tesouro. Queremos virar a página sobre isso", aponta Alhena Caicedo, diretora do Instituto Colombiano de Antropologia e História, conforme repercute o The Guardian.  

Não estamos pensando em tesouros. Estamos pensando em como acessar as informações históricas e arqueológicas do local", continuou. 

Pedaço da história

O San José regressava à Europa com tesouros para ajudar a financiar a guerra da sucessão espanhola quando foi afundado, em 1708, por uma esquadra britânica perto da cidade portuária caribenha de Cartagena.

De acordo com historiadores, a embarcação pode ajudar a revelar detalhes sobre o império espanhol no auge do seu poder — além das histórias partilhadas e sobrepostas da Europa e da América Latina. 

Assim, a equipe liderada por Caicedo deseja retirar os destroços do fundo do mar e exibi-los em um museu, onde os visitantes poderão explorar "todos os segredos do fundo do oceano", conforme ela mesma disse. 

Mas a ambição é um grande desafio, visto que poucos navios como o San José foram recuperados; sendo que nenhum deles foi resgatado de águas tropicais quentes. Um exemplo que inspira é a Mary Rose, embarcação da frota de Henrique VIII que foi afundada na costa de Portsmouth por uma armada francesa em 1545.

Este é um desafio enorme e não é um projeto que tenha muitos precedentes. De certa forma, somos pioneiros", disse Caicedo.

O naufrágio citado foi explorado por cerca de uma década por centenas de mergulhadores — muitos voluntários — antes de ser trazido de volta à superfície em 1981. Hoje ele se encontra em exposição no Portsmouth Historic Dockyard depois de passar 437 anos submerso. 

Destroços do Mary Rose em exposição - Gevia via Wikimedia Commons

"O San José é um navio muito, muito especial. É comparável ao Mary Rose porque esteve em ação no auge da tecnologia e da construção naval espanholas", disse Ann Coats, professora associada de patrimônio marítimo na Universidade de Portsmouth.

Há tantas perguntas que San José poderia ajudar a responder!", prosseguiu, ainda segundo o The Guardian. 

Além de ouro, prata e esmeraldas, o San José ainda abriga artefatos de porcelana, vidro e couro. Os historiadores acreditam que o naufrágio possa contribuir para a compreensão das redes comerciais globais do século 18, da complexa hierarquia colonial espanhola e da vida das 600 almas que morreram a bordo.