Em feito histórico, rua paulistana pode deixar de referenciar caçador de índígenas e escravizados para homenagear líder quilombola brasileiro
Recentemente, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei que marca um importante ato de reparação histórica para o contexto brasileiro: uma rua localizada no bairro Bom Retiro, que atualmente é nomeada em homenagem a um notório bandeirante paulista do século 17, terá seu nome alterado para reverenciar um importante ícone da resistência negra do Brasil, o líder quilombola Zumbi dos Palmares.
De autoria do vereador Toninho Vespoli (PSOL), o projeto visa alterar o nome da rua hoje chamada de Jorge Velho. O nome, por sua vez, é referência a Domingos Jorge Velho (1641-1705), um bandeirante — lembrando que esses homens eram, de maneira geral, caçadores de indígenas e de escravos fugitivos — paulista que liderou as tropas que destruíram o Quilombo dos Palmares, enquanto sob o comando de Zumbi (1655-1695).
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Agora, por mais que o projeto tenha sido aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo, cabe ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) sancioná-lo ou vetá-lo, de maneira efetiva.
Conforme explicado por Vespoli, segundo a Folha de S. Paulo, a ideia para a mudança de nome da rua partiu da direção da Faculdade Zumbi dos Palmares, localizada nas imediações do endereço.
Já conseguimos aprovar projetos tirando nomes de torturadores do regime militar de vias públicas. Trocar o nome de uma pessoa que perseguiu negros pelo de Zumbi é um novo passo neste processo de reparação histórica", afirma o vereador à Folha.
Por fim, vale mencionar como, nos últimos anos, vem se percebendo um reconhecimento por parte de alguns grupos sobre como muitos bandeirantes podem ser vistos, hoje, como figuras históricas nocivas, devido à perseguição e escravização de negros e indígenas. Em 2021, por exemplo, uma estátua do bandeirante Manuel de Borba Gato, no bairro de Santo Amaro, também em São Paulo, foi incendiada.