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Notícias / Arqueologia

Rosto humano mais antigo encontrado na Espanha pode reescrever história local

Encontrado nas Montanhas Atapuerca, na Espanha, ossos do rosto de antigo hominídeo pode reescrever história dos primeiros assentamentos da Europa Ocidental

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 20/03/2025, às 14h00

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Fóssil original ao lado de recriação em 3D de face humana mais antiga descoberta na Europa Ocidental - Divulgação/IPHES-CERCA/Maria D. Guillén
Fóssil original ao lado de recriação em 3D de face humana mais antiga descoberta na Europa Ocidental - Divulgação/IPHES-CERCA/Maria D. Guillén

Um fragmento de rosto humano descoberto em 2022 no sítio arqueológico Sima del Elefante, nas Montanhas Atapuerca, na Espanha, chamou grande atenção da comunidade científica por, sendo estimado possuir entre 1,1 milhão e 1,4 milhão de anos, ser o rosto humano mais antigo já descoberto na Europa Ocidental. Agora, um estudo aponta que ele pode reescrever a história do início da habitação humana na região.

Apelidado de "Pink", o hominídeo a quem pertenceu esse osso foi identificado como um Homo affinis erectus (H. aff. erectus), um parente humano extinto. O estudo foi publicado recentemente no periódico Nature, sendo liderado pela Dra. Rosa Huguet do IPHES-CERCA, em colaboração com pesquisadores de instituições como o Centro Nacional de Pesquisa sobre Evolução Humana (CENIEH) e a Universidade Rovira i Virgili, da Espanha.

Este fóssil fornece os primeiros restos humanos encontrados até agora na Europa Ocidental, documentando uma população previamente desconhecida na região", pontua Dra. María Martinón-Torres, diretora do CENIEH, em comunicado.

Segundo o Archaeology News, a descoberta dos ossos faciais consistem no lado esquerdo da maxila (mandíbula superior), e na parte da maçã do rosto. Análises apontam algumas diferenças notáveis de outros fósseis de hominídeos europeus já conhecidos — incluindo os Homo antecessor, descobertos no sítio Gran Dolina de Atapuerca e datados de cerca de 860 mil anos atrás.

Por conta dessas características distintas, os pesquisadores atribuíram provisoriamente Pink à espécie H. aff. erectus, reconhecendo as semelhanças com o Homo erectus, mas mantém em aberto a possibilidade de ser uma espécie distinta.

Ocupação na Europa

Essa descoberta desafia suposições anteriores sobre assentamentos da Europa Ocidental pelos primeiros hominídeos. Durante muito tempo, pensava-se que alguns dos primeiros hominídeos que migraram para a região eram Homo antecessor, mas Pink, sendo centenas de milhares de anos mais antigo, sugere uma onda migratória anterior.

Vale destacar também que, na região, também foram encontradas ferramentas de pedra tipicamente feitas de quartzo e sílex, e ossos de animais com marcas de corte. Esses achados sugerem que os primeiros hominídeos que ali viveram dedicavam-se ao açougue, e processavam alimentos com ferramentas bastante simples.

Uma análise paleontológica do local ainda sugere que a região de Atapuerca, durante o Pleistoceno Inferior, era um ambiente bastante diversificado, com florestas, pastagens e fontes de água sazonais, o que seriam condições ideais para assentamentos dos primeiros humanos.

Dessa forma, a descoberta marca um grande passo no que se refere à compreensão da evolução humana na Europa. Marina Mosquera, diretora do IPHES-CERCA, enfatiza o papel de Atapuerca na pesquisa paleoantropológica global: "este sítio continua a ser um ponto de referência fundamental para a compreensão de nossas origens".

Agora, porém, os detalhes do estudo sobre Pink ainda levantam questões entre pesquisadores, como o que aconteceu com seu grupo, quais mudanças levaram ao seu desaparecimento ou mesmo se eles coabitaram a região com grupos hominídeos posteriores, como o próprio Homo antecessor.