Pai do existencialismo francês, o filósofo, escritor e militante político explica como se deu o seu encontro com o mundo da literatura
Para o filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980), um dos maiores discípulos do alemão Friedrich Nietzsche, a existência humana não necessita mais de justificativa exterior, e o "aqui e agora" é a questão da vez. Sua pergunta primordial é: "O que é existir como ser humano?".
Sua trajetória na literatura começou cedo: aos 8 anos de idade Sartre descobriria o seu dom. Suas obras tiveram grande influência em áreas da sociologia e teoria crítica, por exemplo. Filósofo, escritor e militante político, se tornaria uma das principais figuras do existencialismo francês.
Em 1964, Sartre lançou a autobiografia As Palavras. Na obra, detalhou a sua infância – mais especificamente dos 4 aos 11 anos. O autor explica como se deu o seu encontro com o mundo da leitura e da escrita. Bem-sucedido, o livro foi considerado um dos maiores sucessos do gênero no século 20. Agora, como parte da coleção Clássicos de Ouro, da Editora Nova Fronteira, o trabalho do autor ganhou uma nova edição.
O livro apresenta memórias importantes da não muito conhecida sobre a vida de Sartre. Ele explica, por exemplo, como a morte de seu pai se tornou o maior acontecimento de sua vida. Ou quando o seu avô, Charles Schweitzer, quase o fez desistir de sua vocação para o mundo da literatura. O próprio Schweitzer afirmava que “a literatura não dava de comer”. Confira um trecho da obra:
(...) A morte de Jean-Baptiste foi o grande acontecimento de minha vida: devolveu minha mãe aos seus grilhões e me deu liberdade. Não há bom pai, é a regra; que não se faça disso agravo aos homens e sim ao laço de paternidade que apodreceu. Fazer filhos, não há coisa melhor; tê-los, que iniquidade! Houvesse vivido, meu pai ter-se-ia deitado sobre mim com todo o seu comprimento e ter-me esmagado.
As Palavras, Jean-Paul Sartre, Editora Nova Fronteira, 152 páginas, R$ 49,50.