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Notícias / Mundo Animal

Rafting: Entenda o fenômeno que fez iguanas atravessarem o Oceano Pacífico

Iguanas teriam percorrido quase 8.000 quilômetros a partir da costa oeste da América do Norte, desafiando teorias sobre a dispersão de espécies

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 25/03/2025, às 16h00

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Igunas ancestrais fizeram travessia de 8 mil quilômetros - Getty Images (imagem meramente ilustrativa)
Igunas ancestrais fizeram travessia de 8 mil quilômetros - Getty Images (imagem meramente ilustrativa)

Há cerca de 34 milhões de anos, um grupo ancestral de iguanas protagonizou um feito extraordinário: atravessar o vasto Oceano Pacífico e chegar às remotas ilhas de Fiji.

Segundo um estudo recente divulgado pela CNN, essas iguanas teriam percorrido quase 8.000 quilômetros a partir da costa oeste da América do Norte, desafiando todas as teorias sobre a dispersão de espécies.

Utilizando análises genéticas, os cientistas concluíram que os répteis realizaram a travessia de uma forma inusitada: navegando sobre vegetação flutuante, como troncos e plantas arrancadas.

Explicação

Esse fenômeno, conhecido como "rafting", é um meio raro, mas possível, de migração animal. Durante anos, especialistas debateram como essas iguanas chegaram a Fiji, levantando hipóteses que incluíam uma migração terrestre pela Ásia ou Austrália.

No entanto, as novas descobertas apontam para uma origem norte-americana e uma jornada diretamente pelo oceano.

O Dr. Simon Scarpetta, principal autor do estudo e professor assistente na Universidade de São Francisco, explicou à CNN que as iguanas de Fiji estão mais proximamente relacionadas ao Dipsosaurus, uma espécie que habita o deserto no sudoeste dos Estados Unidos.

Durante sua pesquisa de pós-doutorado na Universidade da Califórnia, Berkeley, Scarpetta analisou o DNA de diversas espécies e constatou que as iguanas de Fiji divergiram de seus ancestrais americanos entre 34 e 30 milhões de anos atrás, coincidindo com a formação vulcânica do arquipélago.

Esse achado desafia teorias anteriores que sugeriam um percurso terrestre via América do Sul e Antártida, ocorrido muito depois. Apesar de parecer improvável, a ideia de que essas iguanas conseguiram sobreviver à longa travessia oceânica faz sentido do ponto de vista biológico. 

Muitas espécies de iguanas são extremamente resistentes, adaptadas a ambientes áridos e capazes de suportar condições adversas, como calor extremo, fome e desidratação. Além disso, como são ectotérmicas – ou seja, não precisam gastar energia para manter sua temperatura corporal –, podendo sobreviver por longos períodos sem se alimentar.

O Dr. Jimmy McGuire, coautor do estudo, apontou à CNN que a viagem poderia ter durado entre dois meses e meio e quatro meses, um tempo relativamente curto para a sobrevivência dessas criaturas. Mesmo com a escassez de comida, as iguanas herbívoras poderiam se alimentar da própria vegetação flutuante em que estavam viajando.

Conclusões

As conclusões desse estudo não apenas resolvem um antigo mistério, mas também reforçam a ideia de que fenômenos naturais, como tempestades e furacões, podem impulsionar a dispersão de espécies. 

O Dr. Shane Campbell-Staton, da Universidade de Princeton, destacou à CNN que essas descobertas ajudam a entender melhor como a biodiversidade se formou ao longo do tempo, especialmente em ilhas isoladas.

Esse novo entendimento sobre a migração de espécies abre portas para investigações futuras sobre como diferentes animais conseguiram colonizar territórios distantes. Além disso, destaca a importância dos eventos naturais como um motor da evolução e da distribuição da vida pelo planeta ao longo de milhões de anos.