Acadêmico com fascínio por selos postais furtou correspondências e registros históricos, revelando um esquema de roubo que durou décadas na Escócia
Uma investigação minuciosa do Arquivo Nacional da Escócia (NRS) revelou o desaparecimento de mais de 3.000 documentos históricos ao longo de 30 anos, rastreando os roubos até o professor de história David Macmillan. O acadêmico, que faleceu em 1987, tinha um interesse peculiar por selos postais e carimbos, o que motivou seus furtos.
O esquema de roubo começou a ser desvendado em 1994, quando um arquivista do NRS encontrou 200 itens à venda em um leilão em Londres, todos pertencentes ao arquivo escocês. A investigação revelou que Macmillan, que visitava os arquivos do NRS regularmente entre 1969 e 1980, foi o responsável pelos roubos.
Em 1980, David foi flagrado retirando um item do arquivo em Edimburgo e teve seu acesso revogado. Na época, o incidente foi considerado isolado. No entanto, em 2012, um pesquisador encontrou referências a itens escoceses em um catálogo online da Universidade Trent, no Canadá, onde o professor lecionou por 20 anos. A investigação revelou que o professor havia doado cerca de 2.900 itens roubados para a universidade após sua morte.
Acredita-se que Macmillan, apesar de não ter sido condenado por seus crimes, tenha sido motivado por seu interesse em selos e carimbos postais. Os documentos roubados, em sua maioria correspondências familiares e comerciais, não tinham alto valor financeiro ou histórico. O que intriga os investigadores é o fato de um profissional que dependia de arquivos para seu trabalho ter abusado da confiança dessas instituições.
Segundo o 'The Guardian', o NRS conseguiu recuperar quase todos os documentos roubados, implementando medidas de segurança mais rigorosas. Dos 3.100 itens recuperados, cerca de 2.000 foram roubados dos arquivos escoceses, enquanto outros foram furtados de outras instituições no Reino Unido e de coleções particulares.
"Esses roubos históricos ocorreram em uma escala sem precedentes e foram realizados, acreditamos, por um indivíduo que era um visitante regular das instituições das quais ele roubou", disse Alison Byrne, presidente-executiva do NRS, ao Guardian.
"Graças ao trabalho altamente detalhado e meticuloso dos arquivistas do NRS, conseguimos restaurar esses registros às suas coleções originais e garantir que eles estejam disponíveis para estudo novamente", completou Byrne ao Guardian.