Novo estudo aponta que os primeiros humanos a habitarem a América do Norte podem não ter chegado por meio de uma ponte terrestre, mas sim feita de gelo
Um novo estudo apresentado na Reunião Anual da União Geofísica Americana (AGU23), realizada em São Francisco, nos Estados Unidos, sugere que uma "estrada" de gelo pode ter desempenhado um papel crucial na chegada dos primeiros humanos à América do Norte cerca de 16 mil anos atrás.
A conferência, que contou com a participação presencial de 24 mil especialistas em ciências da Terra e do espaço e conectou mais 3 mil participantes online ao longo de uma semana, abrigou a apresentação desse estudo, baseado em reconstruções paleoclimáticas do Noroeste do Pacífico.
A pesquisadora Summer Praetorius, do Serviço Geológico dos EUA, e sua equipe analisaram sedimentos oceânicos, muitos dos quais continham plâncton fossilizado minúsculo. Segundo o portal Galileu, com a abundância e a química desses organismos fósseis foi possível reconstruir as temperaturas oceânicas, a salinidade e a cobertura de gelo marinho.
De acordo com os modelos climáticos, os pesquisadores descobriram que as correntes oceânicas eram mais de duas vezes mais fortes do que hoje durante o auge da última glaciação máxima, devido aos ventos glaciais e ao nível mais baixo do mar. Embora essas condições tornassem a navegação difícil, registros indicaram que a região estudada tinha gelo marinho no inverno até cerca de 15 mil anos atrás.
Praetorius sugere que os antigos humanos podem ter utilizado o gelo como uma plataforma, sem enfrentar diretamente as correntes.
De acordo com a fonte, os dados climáticos indicam que entre 24,5 mil e 22 mil anos atrás e entre 16,4 mil e 14,8 mil anos atrás, as condições ao longo da rota costeira, favorecidas pelo gelo marinho no inverno, eram propícias à migração.