Execução de Richard Moore na Carolina do Sul reacende debate sobre pena de morte; governador ignora clemência, destacando questões raciais e sociais
Na última sexta-feira, 1, Richard Moore, um detento de 59 anos condenado à morte na Carolina do Sul, Estados Unidos, foi executado por meio de injeção letal. A execução ocorreu apesar dos apelos de três jurados do seu julgamento em 1999, do juiz responsável pelo caso e de várias outras pessoas que solicitaram ao governador Henry McMaster a comutação da pena para prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
O procedimento de execução estava agendado para as 18h, horário local (20h no horário de Brasília), e Moore foi declarado morto 24 minutos depois. Anteriormente, a execução havia sido adiada duas vezes. Em 2022, Moore optou pelo pelotão de fuzilamento em vez da cadeira elétrica, uma vez que a injeção letal não era uma opção na época.
Em um comunicado, o governador McMaster não detalhou as razões para negar clemência ao condenado, mas mencionou ter revisado todas as informações apresentadas pela defesa e conversado com os familiares da vítima. Historicamente, nenhum governador da Carolina do Sul alterou uma sentença de morte.
A execução foi acompanhada por dois familiares de James Mahoney, o balconista assassinado, além do advogado Barry Barnette, que participou da acusação no julgamento de Moore.
Durante uma coletiva de imprensa, as últimas palavras de Moore foram divulgadas. Ele expressou arrependimento à família Mahoney e deixou uma mensagem afetuosa aos seus filhos e netos.
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Moore desfrutou de uma última refeição composta por bife malpassado, peixe e camarão fritos, entre outros pratos. O caso gerou inúmeros pedidos ao governador para que reconsiderasse a sentença.
Entre os solicitantes estavam três jurados do julgamento original, o juiz que presidiu o caso, familiares de Moore e vários líderes religiosos. Os advogados destacaram que Moore era o único réu negro condenado à morte por um júri exclusivamente branco e enfatizaram que ele não estava armado inicialmente durante o crime.
Os defensores também afirmaram que Moore havia se reformado durante sua detenção, desempenhando um papel positivo dentro da prisão e orientando outros detentos sobre os perigos das drogas.
Apesar das revisões prometidas pelo governador McMaster, a decisão final foi anunciada momentos antes da execução programada, após a confirmação do esgotamento dos recursos legais disponíveis para a defesa.
A Justice 360, organização legal representando Moore, criticou duramente o sistema de pena capital da Carolina do Sul, descrevendo-o como arbitrário e influenciado por fatores como raça e status social. Segundo eles, o estado eliminou um exemplo significativo de reabilitação ao executar Moore.
Desde 2011, o número de condenados no corredor da morte na Carolina do Sul reduziu-se significativamente devido a novas sentenças após apelações bem-sucedidas e mortes naturais entre os detentos.
Richard Moore foi condenado pelo assassinato de James Mahoney em um assalto em 1999. Durante o crime em Spartanburg, ele entrou desarmado no estabelecimento e acabou envolvido em um tiroteio após o funcionário sacar duas armas. Mahoney morreu com um tiro no peito enquanto Moore ficou ferido no braço. Após o incidente, mesmo ferido, Moore roubou dinheiro do caixa sem acionar socorro médico.