Luis Lacalle Pou pretendia ressignificar águia de cobre com suástica que fazia parte de encouraçado afundado no país durante a Segunda Guerra
Publicado em 19/06/2023, às 13h46 - Atualizado em 23/06/2023, às 10h19
No último domingo, 18, o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou voltou atrás em seu plano de transformar uma águia de bronze nazista em uma pomba da paz — a peça fazia parte da poupa do encouraçado Graf Spee, que afundou na costa uruguaia em 1939.
O projeto polêmico de Lacalle Pou havia sido anunciado dois dias antes, na sexta-feira, 16, mas uma pressão popular lhe fez repensar a decisão. A águia, que possui uma suástica em seus pés, tem cerca de dois metros de altura e pesa 400 quilos.
Segundo repercutido pelo blog de Sandra Cohen no G1, o presidente uruguaio teria pedido para que o renomado escultor Pablo Atchugarry transformasse a ave nazista em um símbolo de paz e união. Mas o plano foi criticado pela população, integrantes de sua coalizão, políticos de oposição e historiadores.
Se alguém quer gerar paz, a primeira coisa é gerar união e claramente isso não a gerou. Ainda mantenho que esta é uma boa ideia, mas cabe a um presidente ouvir e representar", declarou.
Os argumentos usados foram de que, embora o símbolo seja um objeto de incômodo para o governo, destruí-lo seria 'apagar' um testemunho das primeiras batalhas de um dos períodos mais sombrios da História: a Segunda Guerra Mundial.
O Graf Spee, encouraçado alemão que ostentava a águia nazista, foi abatido há 83 anos por três navios da Marinha britânica durante a chamada Batalha do Rio da Prata. A embarcação sofreu danos que não puderam ser reparados. O capitão Hans Langsdorff decidiu afundá-la e se suicidar no processo para não ser capturado como prisioneiro pelos Aliados.
A águia de bronze só foi resgatada do fundo do mar em 2004, quando uma expedição privada tentou vendê-la. Mas uma ação judicial levantada pelo Estado uruguaio conseguiu impedir isso.
Desde então, as autoridades do país temem que a peça nazista caia em mão erradas e seja usada como símbolo de cultuamento da ideologia supremacista. A Marinha do país está sob posse da peça, a guardando em um armazém, onde permanece trancada em uma caixa de madeira.