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Notícias / Medicina

Por que a histórica hanseníase, doença bíblica, ainda mata pessoas?

A médica dermatologista Hellisse Bastos explica que, atualmente, a doença pode ser facilmente tratada

Formatação: Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 02/03/2021, às 17h59

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Os primeiros casos de 'lepra' foram relatados em 1600, na cidade do Rio de Janeiro - Acervo do Instituto Lauro de Souza Lima
Os primeiros casos de 'lepra' foram relatados em 1600, na cidade do Rio de Janeiro - Acervo do Instituto Lauro de Souza Lima

Pior do que uma doença no corpo, são as sequelas sociais que elas podem trazer para seus portadores. Esta é a triste realidade quando se fala em hanseníase. Seus portadores muitas vezes acabam excluídos da vida social, exatamente pelo receio que outras pessoas têm de serem contaminados com a doença.

Conhecidos ao longo dos séculos, os efeitos da hanseníase são tão drásticos que foram citados até mesmo na Bíblia, e, ainda hoje, tal doença é alvo de preconceitos e reclusão de seus portadores. No entanto, a médica dermatologista Dra. Hellisse Bastos mostra que, atualmente, há esperança, e com a evolução tecnológica e científica ela pode ser facilmente tratada.

Para entender o que é a hanseníase, Bastos explica em detalhes: “É uma doença infecciosa causada por uma bactéria, que aliás tem baixa virulência. Então, é uma bactéria que demora meses, ou até anos para aparecer seus sintomas e serem diagnosticados. Além disso, é difícil contrair este tipo de infecção. Normalmente ela vem associada a algum outro fator”. 

Um detalhe que precisa ser destacado é que a doença geralmente acomete mais aquelas pessoas com uma condição sociocultural baixa ou comunidades em condições de higiene precárias, como destaca a médica. 

“Realmente, não é comum ver pessoas com maior poder aquisitivo serem portadoras dessa enfermidade. Além disso, a hanseníase já está extinta em países desenvolvidos, enquanto aqui no Brasil ainda é pouco diagnosticada e está espalhada em vários lugares do país, tanto em cidades do interior quanto os centros urbanos”, ressalta.

Outro problema relacionado a esta patologia é, reforça Hellisse, é a dificuldade em confirmar o diagnóstico. “Por ser uma bactéria de baixa virulência, ela demora para se manifestar, e seus primeiros sinais são pouco específicos. Exemplo disso é que seus primeiros sintomas são lesões pelo corpo, como manchas que vão se desenvolvendo com o passar do tempo”, acrescenta.

Por outro lado, a dermatologista acredita que atualmente as autoridades estão no rumo certo para combater efetivamente a doença, mesmo que ainda falte muito o que se cumprir. “O governo tem conseguido cada vez fazer mais diagnósticos de forma precoce, assim é possível de imediato evitar que a pessoa tenha que sofrer com as sequelas desta enfermidade”, destaca.

Ela mesma se surpreende ao perceber que há muito tempo não trata um paciente com hanseníase, mas sabe que a realidade no serviço público de saúde ainda tem muito o que mudar.

“Eu não vejo mais isso no meu dia a dia, mas na rede pública de saúde isso é ainda é muito comum, infelizmente. Quando eu estava fazendo a minha especialização médica, era muito comum ver a quantidade alta de portadores de hanseníase nesta parcela da sociedade de baixo poder econômico”, finaliza a médica. 

Confira abaixo o documentário da revista AnaMaria, parceira da Aventuras na História, sobre o tema.