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Notícias / Vítima de naufrágio

Pesquisadores reconstituem rosto de vítima de naufrágio ocorrido há quase 400 anos

Rosto reconstituído é de mulher que morreu no século 17

por Giovanna Gomes
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Publicado em 21/07/2023, às 11h53

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Gertrude, como foi chamada a mulher, tinha entre 25 e 30 anos de idade quando morreu - Divulgação / The Vasa Museum
Gertrude, como foi chamada a mulher, tinha entre 25 e 30 anos de idade quando morreu - Divulgação / The Vasa Museum

Uma mulher que foi vítima de um naufrágio ocorrido há 395 anos recentemente teve o rosto reconstituído por um grupo de pesquisadores.

Inicialmente, o esqueleto havia sido erroneamente identificado como sendo de um homem, mas uma nova análise revelou que se tratava, na verdade, de uma pessoa do sexo feminino.

Gertrude, como foi apelidada a mulher, é uma entre as cerca de 30 pessoas que perderam a vida na viagem inaugural do navio de guerra sueco Vasa, ocorrida em 1628.

Escavação arqueológica

Após a descoberta do navio em 1961, uma equipe de especialistas deu início uma extensa escavação arqueológica, na qual diversas ossadas humanas foram encontradas.

Dentre os esqueletos encontrados, conforme destacou a revista Galileu, estava o indivíduo "G". Supostamente do sexo masculino, ele recebeu o nome de Gustav.

Há alguns anos, no entanto, surgiram suspeitas de que "G" seria, na verdade, uma mulher. Osteologistas já vinham reforçando a hipótese com base na análise da pelve do indivíduo, mas a confirmação veio somente após análise genética.

Gertrude e Gustave, as reconstituições do rosto da vítima do Naufrágio do Vasa / Crédito: Divulgação / Anneli Karlsson, Vasa Museum/SMTM

De Gustav a Gertrude

Marie Allen, professora de genética forense que liderou a investigação, contou que não foram encontrados cromossomos Y no material genético de "G", o que sustentou a conclusão de que se tratava de uma pessoa do sexo feminino.

Posteriormente, foi realizado um novo teste, o qual permitiu a análise de muitas variantes genéticas diferentes para confirmar o sexo do esqueleto — que passou a se chamar Gertrude.

Reconstituindo o rosto

O artista forense sueco Oscar Nilsson foi o responsável pela reconstituição do rosto da mulher. Para tal, ele utilizou-se de uma tomografia computadorizada e uma impressão plástica 3D do crânio de “G” da reconstituição de 2006 — que apresentava o indivíduo "G" como alguém do sexo masculino.

Além disso, ele também teve como base um gráfico de mulheres escandinavas e do norte da Europa que tinham aproximadamente a mesma idade e peso de Gertrude. Depois, por meio de técnicas científicas, ele determinou o tamanho e a forma do nariz, olhos, boca e orelhas de Gertrude.

Pesquisadores ao lado da reconstituição do rosto de Gertrude; à direita, a versão masculina do indivíduo "G" / Crédito: Vasamuseet / The Vasa Museum/Reprodução/Facebook e Divulgação / Oscar Nilsson

Vida difícil

A reconstituição facial revelou uma mulher com olhos azuis, cabelo loiro e pele pálida. Inicialmente, — na ocasião da representação de 2006 — o especialista havia inclinado o nariz do indivíuo "G" para baixo, mas uma nova análise resultou em um nariz "mais típico" para Gertrude.

Além disso, foi constatado que ela era mais jovem do que se pensava anteriormente: teria entre 25 e 30 anos — antes pensava-se que tivesse 45 — o que resultou em mais volume nos lábios.

Mas, de acordo com a fonte, embora jovem, Gertrude provavelmente teve uma vida difícil, pois um estudo de seu esqueleto revelou sinais de levantamento repetitivo de objetos pesados. Assim, sua aparência refletia o trabalho árduo que enfrentou em sua curta vida.

Gorro vermelho

Como destacou a Galileu, também foram encontradas partes de um gorro de lã perto da mulher, sugerindo que ele poderia pertencer a ela. Anna Silverulv, investigadora de vestuário e têxteis do Museu Vasa, descobriu cabelos loiros no tecido, com evidências claras, observadas no microscópio, de que a cor da touca era vermelha.

Mais resultados das novas amostras são aguardados e serão apresentados em breve em uma exposição no Museu Vasa, bem como em um livro.

“Para nós, é interessante e desafiador estudar os esqueletos do Vasa. É muito difícil extrair DNA de um osso que está no fundo do mar há 333 anos, mas não é impossível”, disse Marie Allen em comunicado sobre a pesquisa.