Pegadas encontradas podem ajudar a compreender o comportamento dos antigos dinossauros que habitaram a América do Sul
Uma equipe de cientistas fez uma notável descoberta no sul da Bolívia, na região de Tarija, ao escavar um sítio paleontológico de grande relevância — e que pode guardar as evidências mais antigas de dinossauros na América do Sul.
Batizada informalmente de "creche", a área parece ter servido como uma rota migratória há cerca de 150 milhões de anos, preservando uma variedade de pegadas de animais jovens e adultos. As conclusões dessa pesquisa foram divulgadas no mês de julho por meio da revista científica Historical Biology.
Após minuciosa análise da região, os especialistas estão confiantes em afirmar que o registro fóssil retrata a notável migração de um grande grupo de dinossauros.
Segundo informações do portal Galileu, as evidências sugerem que esse fenômeno envolveu a liderança de dois saurópodes adultos, pertencentes à espécie brontossauro, que guiaram e protegeram centenas de seus descendentes durante a jornada.
Além desses saurópodes, também foram identificados na área dois exemplares de ornitópodes, especificamente da espécie iguanodonte, e um exemplar de terópode, que se assemelha ao tipo tiranossauro. Estes dinossauros aparentemente compartilharam a mesma rota, sugerindo uma convivência e deslocamento conjunto.
O caminho percorrido por esses dinossauros parece ter tido início no sul do Peru, atravessando o coração da Bolívia e estendendo-se até o norte da Argentina.
Conforme afirmou Sebastián Apesteguía, um dos autores do estudo, em entrevista ao jornal espanhol El País, "com essa descoberta, a Bolívia passa a ter um sítio com pegadas de dinossauros dos três períodos: Triássico, Jurássico e Cretáceo”.
O estudo detalha as pegadas deixadas pelos saurópodes adultos, descrevendo-as como redondas e comparáveis às pegadas de elefantes, apresentando um diâmetro que varia entre 75 e 95 centímetros.
Com base nessas observações, os pesquisadores realizaram cálculos que sugerem que esses saurópodes adultos possuíam quadris posicionados a quase quatro metros acima do solo. A extensão de seus corpos, desde o nariz até a cauda, é estimada em cerca de 20 metros, e eles aparentemente eram capazes de percorrer uma média de 5 km/h.
Por contraste, as pegadas atribuídas aos jovens dinossauros exibem dimensões compreendidas entre 15 e 30 centímetros de diâmetro.
Embora os pesquisadores reconheçam a ausência de uma garantia absoluta quanto à migração em grupo dos saurópodes, eles sustentam que as evidências coletadas indicam fortemente essa possibilidade. Eles argumentam que, caso a migração fosse individual ou envolvesse um grupo menor, seria de se esperar que as pegadas dos indivíduos mais jovens estivessem dentro das pegadas dos maiores ou se sobrepusessem a elas, e não ao lado.
Elefantes e outros grandes vertebrados modernos andam acompanhados de seus filhotes, tanto ao seu lado quanto atrás deles. Deduzimos por comparação que isso também poderia ser o caso com os dinossauros”, explicou o icnólogo colaborador do estudo, Raúl Esperante, ao El País.
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