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Notícias / Arqueologia

Pesquisadores descobrem como sociedade nativa da Flórida se diferenciou dos incas e maias

O estudo também analisou as tensões entre os calusa e colonizadores espanhóis

Vanessa Centamori Publicado em 07/04/2020, às 10h29

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Ilustração de indivíduo da comunidade dos calusa - Divulgação/ Museu da Flórida
Ilustração de indivíduo da comunidade dos calusa - Divulgação/ Museu da Flórida

A comunidade nativa dos calusa viveu na costa sudoeste da Flórida, nos EUA, entrando em contato com colonizadores europeus nos séculos 16 e 17. A base dessa sociedade indígena era a pesca, atividade que possibilitou o surgimento de um verdadeiro império e sustentou até 50 mil nativos. 

Uma questão que sempre esteve na mente dos arqueólogos é como os calusa guardavam e conservavam os peixes ainda vivos. Um novo estudo, publicado no jornal cienífico PNAS, levantou uma hipótese que pode explicar como funcionava. 

De acordo com a pesquisa, os calusa tinham estruturas gigantescas, com sete vezes o tamanho de uma quadra de basquete da NBA. As construções funcionavam como enormes barragens de água. Feitas com conchas de ostras, elas retiam os peixes vivos antes deles serem cozidos ou ressecados. 

Construir as barragens era uma tarefa complexa, por isso os nativos usavam conhecimento sobre as marés, hidrologia e biologia, para entender o comportamento dos peixes.

Em comunicado o co-autor do estudo, William Marquardt, do Museu da Flórida, explicou que o nível de complexidade dos calusa era similar ao das culturas agrícolas (caso dos astecas, maias e incas), no entanto, o diferencial dessa cultura era a pesca como principal atividade. 

Ilustração de casa tradicional dos calusa / Crédito: Divulgação / Museu da Flórida 

Sociedades como a dos calusa, que tinham como base a pesca, coleta e caça, por muito tempo, foram consideradas menos desenvolvidas. "Mas nosso trabalho feito nos últimos 35 anos mostra que os calusa desenvolveram uma sociedade política complexa", contou o especialista, destacando âmbitos como arquitetura, religião e militarismo. 

Para chegar à essa conclusão, os pesquisadores analisaram o histórico de 500 anos de duas barragens no litoral sudoeste da ilha de Mound Key, na Flórida. Eles perceberam não apenas que a pesca era algo muito comum, mas que causou também muitas tensões com os colonizadores espanhóis.

Segundo o líder do estudo, Victor Thompson, diretor do Laboratório de Arqueologia da Universidade de Geórgia, os espanhóis e padres catequistas estavam acostumados a lidar somente com sociedades agrícolas, como as do caribe, mas não com os calusa, que resistiram muito à dominação.

"Em uma missão dos franciscanos no fim do século 17, enxadas foram descarregadas para fora do navio e quando os calusa as viram, eles se perguntaram: 'Por que eles também não trouxeram escravos para lavrar o solo?", relatou o pesquisador.