A técnica contribui para desenvolver novas possibilidades terapêuticas para as doenças que atingem os olhos
Nesta segunda-feira, 26, pesquisadores do Instituto Nacional do Olho dos Estados Unidos (NEI) divulgaram, através da revista científica Nature Methods, um estudo que revela a utilização de células-tronco de um paciente, juntamente com uma impressora3D, para criar um tecido ocular em laboratório. A técnica contribui para desenvolver novas possibilidades terapêuticas para as doenças que atingem os olhos.
Em comunicado, o co-autor das pesquisas e diretor do Laboratório de Bioimpressão de Tecido 3D no Centro Nacional de Ciências Translacionais Avançadas dos EUA, Marc Ferrer, declarou que as descobertas podem auxiliar em futuras inovações para o tratamento das doenças oculares:
Nossos esforços colaborativos resultaram em modelos de tecido de retina muito relevantes de doenças oculares degenerativas. Esses modelos de tecido têm muitos usos potenciais em aplicações translacionais, incluindo o desenvolvimento terapêutico".
Segundo informações divulgadas pelo jornal O Globo, os cientistas envolvidos no estudo coletaram células-tronco da coróide, camada de vasos sanguíneos anterior à retina, para vascularizá-la. A segunda estrutura corresponde a um tecido localizado no fundo do olho, que tem como função transformar os estímulos luminosos em nervosos, ou seja, criar as imagens na mente.
Nas pesquisas, a equipe uniu três tipos de células-tronco da coróide em um hidrogel, que foi impresso em 3D para originar a barreira hematorretiniana, formação que é diretamente ligada à retina.
A escolha por reproduzir tal parte tem relação com o local em que ocorre a degeneração macular (DMRI), doença sem cura considerada a principal causa da perda de visão em pessoas acima de 50 anos. Em nota, Kapil Bharti, chefe do NEI de Pesquisa Translacional de Células-Tronco e Oculares, explicou:
Análises de tecido e testes genéticos mostraram que o tecido impresso parecia e se comportava de maneira semelhante à barreira hematorretiniana externa nativa. Sob estresse induzido, o tecido impresso exibiu padrões de DMRI precoce”, além de progressão para o estágio seco.
Segundo a fonte, os cientistas também constataram, por outro lado, que a privação do oxigênio resultou em DMRI úmida. Os resultados apontam que o desenvolvimento da tecnologia poderá levar a inovações no tratamento dessa e de outras doenças oculares.