Na análise, pesquisadores podem descobrir mais sobre a transmissão de diferentes vírus e bactérias presentes hoje
Os esqueletos medievais encontrados na cidade de Trondheim, na Noruega, podem ser de uma importância ainda maior do que nos informar sobre a história e costumes da região. Especialistas das Universidades de Bergen e Médica de Innsbruck, na Áustria, desenvolveram um estudo analisando o significado destes indivíduos na saúde.
O foco da pesquisa, que foi publicada nas revistas científicas Current Biology, PLOS ONE e Journal of Archeological Science: Reports, foi um esqueleto de uma jovem norueguesa que viveu há 800 anos.
As análises dos pesquisadores revelaram que a norueguesa carregava uma infecção nunca antes identificada na Europa medieval, causada pela bactéria Salmonella enterica.
De acordo com a cobertura do portal de notícias Galileu, o biólogo evolucionário Tom Gilbert, da Universidade de Copenhague, explicou que essa pesquisa, apelidada de MedHeal, é fundamental porque nos permite analisar a transmissão profundamente.
"Ao obter os patógenos antigos, pode-se estudar quando essa transmissão aconteceu, que tipo de características são necessárias, que podem ser traduzidas de volta em informações úteis para monitoramento hoje", explicou.
Além das doenças e infecções, o estudo também identificou um esqueleto do ano 1.100, que, curiosamente, é muito parecido com o de um homem islandês atual. As hipóteses dos cientistas também falam sobre evolução e possibilitam a compreensão melhor de como as condições mudam ao longo dos séculos.
Segundo Gilbert, o indivíduo pode ter sido um nobre ou alguém com grande status, tendo viajado à Noruega para dialogar com autoridades sobre conflitos. A possibilidade é fundamentada no fato de que quem tem tanto status tinha condições e tempo de se reproduzir e gerar muitos descendentes.
"Pessoas de alto status normalmente têm muito mais descendentes. E, na verdade, se você tiver uma amostra antiga que deu origem a muitos descendentes, eles realmente parecem ainda mais próximos da população atual porque há mais deles na população atual”.