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Notícias / Saúde

Pela 1ª vez bebê nasce através de 'fertilização in vitro automatizada'

Procedimento automatizado de injeção de espermatozoide em óvulo demonstra potencial para aumentar taxas de sucesso e padronizar processo complexo

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 14/04/2025, às 16h05

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Imagem ilustrativa do nascimento de um bebê - Getty Images
Imagem ilustrativa do nascimento de um bebê - Getty Images

Um avanço sem precedentes no campo da fertilização assistida acaba de ser registrado: nasceu o primeiro bebê do mundo concebido por meio de um procedimento de fertilização in vitro (FIV) realizado, em grande parte, por robôs. A inovação representa um passo significativo rumo à automação da medicina reprodutiva, com potencial para ampliar o acesso e aumentar as chances de sucesso dos tratamentos.

O feito foi possível graças à automatização de um método já conhecido, a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), no qual um único espermatozoide é cuidadosamente injetado dentro de um óvulo. Embora a técnica seja usada há mais de três décadas, ela ainda exige extrema precisão manual, o que a torna suscetível a variações entre profissionais e a riscos como a degeneração dos óvulos.

No estudo, publicado no periódico Reproductive BioMedicine Online, o processo foi conduzido em Guadalajara, no México, enquanto embriologistas e engenheiros monitoravam e acionavam cada etapa remotamente de Hudson, Nova York. Ao final, um dos embriões gerados foi implantado com sucesso no útero de uma mulher de 40 anos, resultando em uma gravidez bem-sucedida e no nascimento do bebê.

O sistema automatizado, criado pela empresa Conceivable Life Sciences, é capaz de executar 23 etapas da ICSI, desde a seleção do espermatozoide até a identificação dos embriões mais viáveis. Embora o procedimento ainda dependa da coleta manual de óvulos e espermatozoides, além da introdução do embrião no útero por um médico, a plataforma representa um enorme avanço no controle e na padronização do processo.

A tecnologia também faz uso de inteligência artificial para escolher os melhores espermatozoides com base em características morfológicas e para analisar embriões, prevendo quais têm maior potencial de implantação. Um laser é usado para imobilizar os espermatozoides com precisão, e um motor injeta o espermatozoide no óvulo em um único movimento controlado.

Segundo o 'Live Science', apesar de levar mais tempo que o método manual — cerca de 9 minutos por óvulo, contra 1 minuto e 22 segundos —, os resultados foram promissores: cinco dos oito óvulos utilizados foram fertilizados com o novo sistema, gerando quatro embriões viáveis. Os três óvulos fertilizados manualmente também tiveram sucesso.

Solução

Para Alejandro Chavez-Badiola, cofundador da Conceivable e autor do estudo, a padronização do processo pode reduzir erros humanos e tornar o tratamento mais seguro. "Criamos uma plataforma que padronizou a ICSI pela primeira vez", afirmou ao Live Science. Já o endocrinologista reprodutivo Dr. Erkan Buyuk, que não participou da pesquisa, destacou o potencial da automação para aliviar a carga de trabalho dos laboratórios de fertilização.

A comunidade científica, no entanto, reforça que mais estudos são necessários para garantir a eficácia e segurança do sistema. Mesmo assim, especialistas apontam que a tecnologia pode representar uma solução para tornar os tratamentos mais acessíveis, especialmente em países com poucos profissionais especializados.

A Conceivable afirma que o objetivo final é atingir a automação completa da ICSI, embora os humanos continuem desempenhando papéis essenciais no processo, como a supervisão técnica e a manutenção dos equipamentos. Segundo Chavez-Badiola, essa tecnologia tem o potencial de "reduzir custos, melhorar o acesso e permitir que mais famílias realizem o sonho de ter filhos".

Para ele, esse é apenas o começo: "Estamos fazendo história".